segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Família denuncia morte de adolescente após atendimento na UPA de Tucuruí

Uma das últimas fotos de Tiago Gomes Leal na noite da virada do ano
Tiago Gomes Leal recebeu as últimas homenagens dos seus amigos do Colégio COC
Todos os atletas e dirigentes do Independente de Tucuruí ficaram consternados com a morte do seu atleta e zagueiro Tiago Gomes Leal

Familiares acusam negligência e aplicação de medicação irregular no adolescente Tiago Gomes Leal dentro da UPA de Tucuruí, que culminou com sua morte

WELLINGTON HUGLES
De Tucuruí
Foto: Wellington Hugles

Foi a óbito na manhã desta segunda-feira (5), o adolescente Tiago Gomes Leal, de apenas 16 anos, que se encontrava internado na UTI do Hospital Regional de Tucuruí, sudeste do estado. O paciente, que após uma série de idas e vindas ao atendimento na UPA de Tucuruí, culminou com sua morte por choque séptico (infecção generalizada dos órgãos).

Segundo os familiares, Tiago Gomes Leal, morador do bairro Jardim Marilucy, em Tucuruí, era um adolescente cheio de saúde, inclusive, estava no time de base do Clube Independente, atuando como zagueiro, estando com seus exames de rotina realizados junto à agremiação esportiva em dias.

Estudante de um renomado Colégio de Tucuruí, Tiago Leal nunca tinha passado por problemas de saúde, mas no último dia 31 de dezembro, reclamou de muitas dores na garganta, sendo levado pela sua mãe a UPA de Tucuruí, onde foi atendido e medicado com a aplicação de medicação injetável (no glúteo), além da prescrição de receita médica para a continuidade do tratamento em sua casa.

Na manhã da última quinta-feira (1), Tiago Leal não sentiu melhoras com a medicação, retornando ao atendimento na UPA, sendo novamente medicado com medicação injetável, ainda mais forte, retornando para casa.

Na sexta-feira (2), o estudante Tiago Leal, retornou novamente a UPA, queixando-se de muitas dores da garganta e nos membros inferiores, sendo novamente medicado, e seus familiares orientados a levarem o paciente imediatamente ao Pronto Socorro do Hospital Regional de Tucuruí.

Na manhã do sábado (3), Tiago Leal deu entrada no Pronto Socorro do Hospital Regional, com suspeita de infecção na garganta e muitas dores nos membros inferiores. A médica plantonista que atendeu o paciente no PS, observou um abcesso na região do glúteo do adolescente, solicitando sua internação na clínica médica do HRT.

Devido ao período que o paciente passou nas idas e vindas de sua residência a UPA, e em função aos medicamentos administrados, o quadro médico de Tiago Leal ficou crítico, sendo transferido para a ala da UTI do HRT, onde após todos os esforços da equipe médica o jovem Tiago Gomes Leal foi a óbito na manhã desta segunda-feira (5).

A causa morte atestada pelo médico do Hospital Regional de Tucuruí, foi de choque séptico, com a falência múltipla dos órgãos, em função a infecção generalizada.

Segundo os familiares, tudo ocorreu após uma medicação injetável (benzetacil), aplicada em Tiago Lima, que ocasionou o edema no glúteo, formando a infecção, que se alastrou por todos os seus órgãos. Ainda segundo os familiais, esta medicação foi feita na UPA de Tucuruí, inclusive, por várias vezes o adolescente retornou em busca de uma melhora em seu quadro clínico, sendo sempre medicado com injeções, que podem ter ocasionado todas estas complicações no quadro de saúde do estudante e atleta do Independente de Tucuruí, levando-o a morte.

A direção da UPA de Tucuruí se pronunciou informando que, em nenhum momento foi aplicado medicamento injetável como base em penicilina (benzetacil), e sim com outros medicamentos que são administrados em pacientes que chegam a UPA, com o mesmo quadro clínico apresentado por Tiago Leal, inclusive, a direção da UPA já colocou a disposição das autoridades o prontuário médico do paciente, descriminando toda a medicação que foi realizada no paciente nas três internações na UPA.

O Hospital Regional de Tucuruí lamenta a perda prematura do jovem Tiago Gomes Leal, que inclusive completaria 17 anos no próximo dia 26, mas esclarece que tudo foi feito para tentar salvar a sua vida, mas que no momento de sua internação o seu quadro clínico já estava totalmente comprometido, em função a infecção generalizada, sendo observado no momento de sua internação, um edema na região do glúteo do paciente.

Os familiares estão revoltados pela situação de descaso que se encontra a saúde no município de Tucuruí, onde os pacientes procuram os postos de saúde e não são atendidos, por exemplo, o do bairro Jardim Marilucy já completou 4 anos que está em reforma, e nunca foi finalizado, restando apenas a UPA para o atendimento de todos os paciente do município e os casos de urgência e emergência.

Na UPA, os pacientes ficam horas a espera de atendimento, ficando ainda, a mercê de serem medicados de forma irregular, como ocorrido com Tiago Lima, que em função a este negligência, pagou com a sua própria vida.

Ninguém soube explicar, os motivos que levaram aos familiares não solicitarem a necropsia do cadáver, pois só assim seria possível esclarecer com maior clareza as causas da morte.

O féretro de Tiago Gomes Leal foi velado na residência dos seus familiares no bairro Jardim Marilucy e sepultado no final da tarde desta segunda-feira (5), no cemitério público de Tucuruí.


Um comentário:

  1. Os médicos visam apenas o lado financeiro, o juramento que fazem durante o ato de formatura não vale nada. Tudo bem que todos precisam do seu salário para sobreviver, mas o descaso é grande. A insatisfação por não receberem seus salários mensalmente faz com que eles suspendam o atendimento, sem aviso prévio, principalmente nos Centros e Saúde e de Especialidades. Tem que haver mais rigor e controle da frequência desses profissionais por parte da Secretaria de Saúde. Exemplo, o médico (geralmente contratado, muitas vezes vem de outra cidade) que não recebe o salário do mês trabalhado, suspende o atendimento e só volta quando o salário é pago, mas também recebe pelos dias e até meses não trabalhados. Só quem sofre com esse descaso é a população que se desloca para o atendimento e aí é informado que o médico não está trabalhando por falta de pagamento do salário, muitas vezes o paciente tem apenas aquele dinheirinho que é gasto com o transporte. Quem leva o esculacho ´´e o funcionário que está a ali à frente e que não tem culpa nenhuma.

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