Com o objetivo de sensibilizar a
população em geral a debater mais sobre a inserção do homem no sistema de
saúde, a campanha “Novembro Azul” foi oficialmente lançada nesta segunda-feira,
5, pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) para reverter
estatísticas que apontam a indiferença masculina em relação à prevenção de
doenças e ao mesmo tempo a mortalidade por agravos que poderiam ser evitados.
Em oficina realizada na Universidade da
Amazônia (Unama), em Belém, o início da campanha no Pará contou com a
participação da equipe técnica que realiza a Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Homem (PNAISH), por meio do Ministério da Saúde, que vem
orientando estados e municípios a adotarem medidas que reforcem a diminuição de
doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes, e outras mais graves,
como as doenças sexualmente transmissíveis, a exemplo do HIV/Aids, sífilis e
hepatites, e os cânceres de pênis e de próstata.
O tema “Masculinidade e Homem” foi
abordado pelo coordenador nacional de Saúde do Homem, Francisco Norberto
Moreira. Na ocasião, ele rememorou os motivos da elaboração de uma política
específica para a saúde do homem, decorrente do fato de que eles ainda morrem
muito mais que as mulheres e possuem uma barreira sociocultural de procurar os
serviços de saúde, sobretudo no que se refere ao estímulo ao autocuidado. “Essa
política também abrange o profissional de saúde, que precisa ter uma visão mais
ampliada para acolher esses homens”, afirmou.
Norberto também fez referência aos Guias
de Pré-Natal do Parceiro e de Saúde do Homem, que foram editados há dois anos e
cujo conteúdo é utilizado nas várias oficinas aplicadas nos municípios pelas
coordenações estaduais, tal como explica Carlos Coelho, coordenador de Saúde do
Homem pela Sespa: “A política ainda é recente e os profissionais de Saúde,
sobretudo das unidades básicas, ainda estão sendo capacitados para receber a
população masculina da mesma forma que sempre receberam mulheres e crianças”.
Pelo parecer da Sespa, as redes
municipais de saúde precisam se estruturar para atender as demandas da
população masculina e sensibilizar a mesma para o autocuidado, para que busquem
com mais frequência à assistência médica e não só quando já se encontrem
doentes.
Desde que foi criada, em 2010, por
recomendação do Ministério da Saúde a todos os Estados, a coordenação tem
atuado com campanhas de prevenção com foco nos municípios, dentro do possível,
sobretudo com palestras e capacitação de profissionais das unidades básicas de
saúde. Um dos resultados disso é que em Belém, especificamente, o programa de
Saúde do Homem foi implantado em maio de 2013 pela Secretaria de Saúde do
município (Sesma) para funcionar na Unidade Municipal de Saúde da Tavares
Bastos, no bairro da Marambaia.
Em si, a campanha “Novembro Azul” é um
resgate desse conjunto de esforços que acontece ao longo do ano, com enfoque na
mudança do estilo de vida, contra o sedentarismo e a obesidade. Pelas
estatísticas da Sespa, os homens morrem mais cedo que as mulheres por falta de
cuidado, sendo as maiores vítimas de doenças crônicas, como hipertensão e
diabetes e de causas externas como violência no trânsito. Pelos dados, a
principal causa de internação masculina no Estado é por causas externas, devido
a esfaqueamentos, traumatismo e envenenamento.
A título de exemplo, o número de mortes
masculinas no Estado tem oscilado entre 5 e 5,5 mil ao ano em maiores de 20
anos no período de 2014 a 2017, ocasionado, sobretudo, por doenças do aparelho
circulatório (20, 15%), doenças do aparelho respiratório (19, 63%), doenças
infecciosas e parasitárias (17, 36%), causas externas e ligadas à violência
(11, 18%), doenças do aparelho digestivo (8,79%), tumores (8,16%) e doenças do
aparelho geniturinário (6,12%).
No sexo masculino o câncer de próstata
(23,25%) e estômago (16,03%) são os mais prevalentes. De janeiro a agosto deste
ano, já foram realizadas 132 internações por câncer de próstata do Pará. Em
todo o período do ano passado, esse número foi de 260.
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