“Cuidado, minha gente, que o bicho se soltou. Agarrou o pobrezinho, deu uma surra, estraçalhou!”. Uma coisa é fato: o Paysandu, ao contrário do arquir-rival Remo, não tem o histórico de se enrolar em jogos decisivos contra time de menor porte. Foi assim que o Cametá entrou numa lista que vem ganhando mais adeptos e da qual fazem parte - Castanhal, Águia e São Raimundo - pelo menos, na história recente. O dono da Curuzu encara estes jogos com seriedade, evita o clima de já ganhou. Passa sustos, é verdade.
Mas, costuma chutar as zebras para um outro rumo, oposto ao do pódio.
No último dia 24 (quimta-feira), o time alviceleste desfilou, no gramado enlameado da Curuzu, uma tática típica dos grandes campeões. Na verdade, mostrou duas características capazes de destronar qualquer rival, de acabar com qualquer esquema tático: a objetividade e a experiência.
No contexto, é normal que o Cametá tenha mais posse de bola, assuste, esteja mais presente no campo adversário. Contudo, os comandados de Sérgio Cosme foram frios o suficiente para empatar o jogo um minuto depois de terem sofrido o gol de abertura. Mendes, prestes a fazer 35 anos, candidata-se a ser o artilheiro das finais, assim como o seu conterrâneo, o ídolo bicolor Vandick.
Se não bastasse, o tricampeão da Taça Cidade de Belém possuiu um outro diferencial: Rafael Oliveira - um artilheiro incansável, capaz de desmontar zagueiros e goleiros numa velocidade impressionante. E com uma sede insaciável. Ele não se contenta com um gol. Quer dois, três e por aí vai. Além disso, agrega-se a sua capacidade para fazer assinar gols após cobranças de faltas e escanteios. Assim, o Papão virou a partida e colocou uma mão e meia na taça.
A essa altura, restava ao valente e qualificado Mapará levantar a bandeira do ataque sem compromisso. E dos chutes de longa e média distância. Perdendo de um, perdendo de mil, deve ter imaginado o treinador Fran Costa. Seus pupilos assimilaram bem a ideia. Foi num chute forte que Ari mais pareceu estar com medo da bola, não fez o paredão correto, a bola desviou e venceu Alexandre Fávaro.
No segundo tempo, entretanto, o Papão chegou ao auge da consciência, da obediência tática e lutou bravamente. Estes e outros fatores é que diferenciam um clube vencedor de um daqueles que morrem na beira. Sérgio Cosme deu a ordem e o meio de campo priorizou a defesa, compôs os espaços. Foram raros os momentos de bola nas costas e de perigo. Só Balão conseguiu dar algum calor usando a sua capacidade para driblar em velocidade. A Taça Cidade de Belém, com justiça, é do Paysandu. O bicho papão dos times emergentes.
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