Antonio Palocci fará por pressão o que não fez por obrigação. Concordou em dar “explicações” à opinião pública sobre seu enriquecimento.
Tenta, porém, adiar para a próxima semana o encontro com os refletores. Receia que o noticiário do final de semana traga informações novas.
Colegas de ministério, lideranças do PT e a própria Dilma Rousseff pressionam o chefe da Casa Civil para que fale logo, já nesta sexta-feira (3).
Na dúvida, a assessoria do ministro absteve-se de marcar a data. Tampouco foram revelados detalhes sobre o formato do pronunciamento.
Não se sabe se Palocci dará uma entrevista coletiva, submetendo-se ao contraditório, ou se lerá um comunicado, sem o incômodo das perguntas.
Cogitava-se uma terceira alternativa: Palocci falaria apenas a um órgão de imprensa, a TV Globo, de preferência ao 'Jornal Nacional'.
Inicialmente, Palocci havia decidido que só falaria depois que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, se manifestasse sobre o caso dele.
Esperava-se que Gurgel decidisse nesta semana se vai ou não abrir inquérito para esquadrinhar o patrimônio amealhado pelo ministro como “consultor”.
A hipótese, contudo, não se confirmou. O chefe do Ministério Público Federal esclareceu que não há prazo para sua deliberação.
Simultaneamente, disseminou-se no governo a avaliação de que o silêncio de Palocci, por inexplicável, adensa a atmosfera de crise.
Para complicar, a Executiva do PT, partido de Palocci, negou-se a emitir uma nota de apoio ao filiado ilustre. A cúpula petista trincou.
Uma parte condiciona o apoio às explicações do ministro. Outra ala acha que a prosperidade de Palocci não diz respeito ao PT.
Integrantes desse segundo grupo avaliam que o chefe da Casa Civil já não reúne condições para permanecer no cargo. Seu drama seria político, não legal.
De resto, causa incômodo à direção do PT o apoio explícito oferecido pela nata do PMDB a Palocci.
Receia-se que a permanência de um Palocci combalido na Casa Civil converta o governo de Dilma em refém dos intereses do PMDB.
Pior: acredita-se que, se der sobrevida ao ministro, Dilma fará de uma crise pessoal uma encrenca de governo, submetendo-se à alça de mira da oposição.
É contra esse pano de fundo envenenado que Palocci se movimenta. O temor do ministro em relação às manchetes do final de semana reforça sua fragilidade.
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