São 43 quilômetros que farão
toda a diferença na economia e no desenvolvimento do Pará. As obras do Pedral
do Lourenço, no Rio Tocantins, próximo de Marabá, esperadas há décadas, começam
a se tornar realidade e são fundamentais para consolidar o Estado como um
importante corredor logístico para o escoamento da produção nacional para o
mercado mundial. Segundo estudos da Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil (CNA), somente a abertura do trecho poderá ajudar na exportação de até
20 milhões de toneladas a mais de produtos até 2025. As obras estão previstas
para iniciar em 2018.
Dados do Movimento
Pró-Logística reforçam a importância do derrocamento para a retomada do polo de
ferro-gusa em Marabá, além de impulsionar o agronegócio. Com a obra do Pedral,
o setor produtivo deverá investir no plantio de áreas de 1,6 milhão de hectares
no sudeste do Pará, que poderão produzir soja e milho para exportação, gerando
emprego, renda e desenvolvimento.
As embarcações circularão por
uma extensão de 500 quilômetros entre Marabá e Vila do Conde, em Barcarena,
durante o ano todo. Obras que, segundo o Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit), não correm o risco de serem adiadas.
FRONTEIRA
Além das novas fronteiras para
o agronegócio e o setor produtivo do País, o derrocamento também poderá gerar
aumento de competitividade e redução de custos. Elisângela Pereira Lopes,
assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reforça que a obra é
uma das mais esperadas pelo setor e pode diminuir em até 40% os gastos das
empresas para exportar pelo Norte do Brasil. Hoje, 60% da produção de grãos
estão concentradas nas regiões Norte, Centro-Oeste e parte do Nordeste, mas
apenas 20% escoa pelo Arco Norte.
“O Pedral é um pleito antigo
porque a Hidrovia Tocantins é fundamental para reduzir os custos da Nova
Fronteira Agrícola”, explica. “Hoje, dependemos muito do Sul e do Sudeste. E
para chegar a esses portos, o modal rodoviário se torna o principal meio, porém
torna o transporte muito caro”, garante Elisângela. Ela considera ainda que a
eclusa de Tucuruí poderá operar a plena carga, algo que hoje não acontece, por
conta do impedimento à navegabilidade na região.
A eclusa de Tucuruí foi
inaugurada há 5 anos, com um investimento de R$ 1,6 bilhão, para que pudesse
operar com a capacidade de permitir o transporte de até 40 milhões de toneladas
ao ano pelas vias navegáveis da região. Hoje, sua movimentação é de 150 mil
toneladas ao ano.
Preço e energia serão
atrativos para novas empresas
Vice-presidente da Federação
das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), José Maria Mendonça destacou que a
entidade, juntamente com as demais federações da Amazônia, criaram o “Programa
Norte Competitivo”, onde mostraram o que tem de ser providenciado para
viabilizar rapidamente o desenvolvimento do Estado. A obra do Pedral do
Lourenço, diz ele, faz parte destas medidas solicitadas e agora acontece pelo
resultado da luta de representantes da política local. “A obra é muito
importante e ajudará o destravamento desta mesorregião”, diz.
O Pedral é o primeiro passo da
viabilização da grande hidrovia Araguaia/Tocantins que colocará a safra
agrícola do Centro-Oeste brasileiro nos maiores mercados do mundo a preços
realmente competitivos, principalmente a partir de agora com a ampliação do
Canal do Panamá. “Transporte barato e energia próxima e farta serão atrativos
para que novas empresas se instalem na região”, explica Mendonça.
Edeon Vaz, diretor executivo
do Movimento Pró-Logística destaca a vantagem competitiva que as obras do
Pedral trará não só para o agronegócio, mas para o setor mineral. Para ele, é a
oportunidade de retomada da indústria de ferro-gusa no Pará, onde o projeto da
Aços Laminados do Pará (Alpa) foi iniciado pela Vale e posteriormente
interrompido para, agora, anunciar sua retomada por meio da argelina Cevital. “
Agora, com a Cevital anunciando a retomada da Alpa, a indústria de ferro-gusa
se tornará novamente competitiva na região. O polo de ferro-gusa precisa da
hidrovia”, assinala o especialista.
Vila do Conde: porto de saída
da produção local para o mundo
O que é DERROCAMENTO?
O derrocamento consiste em
desgastar os pedrais que impedem a navegação de comboios de carga durante os
meses de setembro a novembro, período em que o rio fica mais raso. Com 43
quilômetros de extensão, a obra de derrocamento irá propiciar a melhoria das
condições de escoamento – pela hidrovia do Tocantins – de toda a produção
mineral, agrícola e da pecuária sob sua área de influência, com destino ao
porto e terminais localizados em Vila do Conde (PA) e no baixo Amazonas.
A expectativa é a redução do
custo do transporte e o aumento da competitividade dos produtos brasileiros no
exterior, com integração aos modais ferroviário e rodoviário.
Com informações do Diário do Pará
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