O Ministério Público Federal
abriu investigação sobre o sistema de pontuação adotado por entidades que gerenciam R$ 238,2 milhões do Minha Casa Minha Vida Entidades,
do governo federal.
O procurador da República José Roberto Pimenta Oliveira recomendou
ao Ministério das Cidades a anulação da portaria que permite aos movimentos de
moradia adotar critérios adicionais para escolher os beneficiários.
A investigação foi aberta com
base em reportagens publicadas pelo Estado de São Paulo, no final de setembro, que mostraram
líderes comunitários filiados ao PT à frente de 11 das 12 entidades
selecionadas pelo governo Dilma Rousseff (PT). Após receberem os repasses
diretos, elas escolhem quem vai sair da fila da habitação em São Paulo.
Os critérios não seguem apenas
padrões de renda, mas de participação política. Quem comparece a eventos como
protestos e até ocupações de prédios públicos tem mais chance de ganhar a casa
própria.
“Já comuniquei também a Caixa
Econômica Federal (CEF) para que nenhum novo contrato seja celebrado com
entidades que adotam critérios adicionais. O ministério também não pode delegar
uma competência que é normativa para as entidades. Isso abre brechas para
arbitrariedades, como a adoção de critérios como pontos em protestos”, afirma o
procurador. “Essa transferência de responsabilidade é completamente ilegal”,
completa.
De acordo com as regras atuais
do Minha Casa Minha Vida Entidades, os movimentos de moradia podem escolher até
três critérios adicionais, que devem ser aprovados em assembleia. Em São Paulo,
a maioria das instituições implementou uma escala de pontos para definir quais
associados terão prioridade na fila da habitação - todos, no entanto, ainda
precisam seguir o critério básico, que é ter renda familiar bruta máxima de R$
1,6 mil.
No sistema de pontos,
participar de reuniões, audiências e até ocupações de prédios e espaços
públicos rendem vantagens. Segundo a reportagem apurou, cada movimento
desenvolveu seu próprio sistema de contagem oficial.
Um ano - Na média, contudo, as entidades
com contratos assinados com o Minha Casa Minha Vida Entidades afirmam que é
preciso militar por pelo menos um ano para ter as chances elevadas de obter uma
casa própria. Nesse período, além de participar de eventos, é preciso também
pagar as mensalidade em dia. Inadimplentes ficam fora da lista. Os valores não
seguem padrão - variam de R$ 9 a R$ 50, mais a taxa de adesão.
O procurador da República
Pimenta Oliveira ressalta que o programa já define quem deve ter prioridade na
fila, como deficientes físicos e famílias que vivem em áreas de risco. “Só que
essa responsabilidade de fazer a escolha dessas pessoas que deveriam receber
prioridade agora é feita pelas entidades. Quem deveria fazer essa priorização é
o Ministério das Cidades.”
Em entrevista ao jornal O
Estado de S. Paulo, o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP), disse que
as entidades não podem adotar critérios políticos e que vai apurar as
informações relatas.
Já a Caixa Econômica Federal
informou que é apenas instituição financeira executora do programa e, por isso,
não possui competência para definir critérios para as entidades. A CEF disse
que, “em caso de recomendação do Ministério Público Federal, o banco
direcionará (a questão) para as autoridades competentes”. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
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