Eletronorte já pagou R$ 151 milhões de royalties em 2014, beneficiando quatorze municípios em quatro estados
WELLINGTON HUGLES
De Tucuruí
Foto: Wellington Hugles
Um dos benefícios das usinas
hidrelétricas é a Compensação Financeira pelo Uso dos Recursos Hídricos –
CFURH. Também conhecida como royalties, essa compensação é paga à União,
estados, municípios e órgãos de governo em razão das áreas utilizadas para
reservatórios hidrelétricos.
De janeiro a junho de 2014,
para uma geração de 28 milhões de MWh em suas quatro hidrelétricas, a saber: Tucuruí
(PA), Coaracy Nunes (AP), Samuel (RO) e Curuá-Una (PA), a Eletronorte pagou R$
151,3 milhões em royalties. São 14 municípios beneficiados nesses quatro
estados.
Hoje, a CFURH é composta da
seguinte forma: Ministério de Minas e Energia, 3%; Ministério do Meio Ambiente,
3%; Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FNDCT, 4%;
estados, 45% e municípios, 45%.
A divisão entre municípios
depende da área alagada que cada um teve pelos reservatórios hidrelétricos.
Quanto maior a área, maiores os valores recebidos.
O município de Tucuruí recebeu
apenas nestes primeiros meses de 2014 o total de R$ 9.727.244,17, que foram
repassados em Janeiro - R$ 516.068,90; Fevereiro - R$ 660.930,27; Março - R$ 1.645.402,47;
Abril - R$ 1.613.192,90; Maio - R$ 1.716.876,57; Junho - R$ 1.714.790,75 e Julho
- R$ 1.859.982,32.
Estes recursos deveriam ser
investidos para o beneficiamento da população, mas o prefeito de Tucuruí Sancler
Ferreira (PPS), não esclarece a destinação destes recursos, com isso, a população
fica sem investimentos necessários para o crescimento econômico do município, e
carente de geração de empregos e renda.
É fato, que o gestor municipal
já esta finalizando Projeto de Lei que será encaminhado ao poder legislativo,
solicitando autorização a Câmara de Vereadores, para que possa contrair novamente
empréstimo em instituição financeira oficial, no montante de R$ 15 milhões,
dando como garantia os repasses mensais realizados pala Eletronorte dos royalties,
comprometendo este recurso que poderia ser usado para o crescimento do município,
tudo porque os valores repassados podem ser remanejados de acordo com a vontade
do gestor, mas não conseguindo esclarecer de forma transparente a real finalidade
dos valores contratados através de empréstimo antecipado.
Em 2013, Sancler conseguiu aprovar
através da bancada governista na Câmara de Tucuruí, em março de 2013, um empréstimo
de R$ 9 milhões, que foi destinado dos recursos oriundos dos royalties em 2013,
para quitar a parcela da renegociação dos débitos da municipalidade com o INSS,
só não esclareceu o porque dos valores descontados mensalmente na fonte, nos salários
dos funcionários não foram repassados mensalmente nos últimos anos para o INSS,
sendo necessário utilizar destes recursos para quitar um debito, que não
deveria existir, tudo em função a falta de responsabilidade fiscal.
Outros municípios da região
receberam também volumosos montantes de recursos através dos royalties: Goianésia
do Pará - R$ 8.546.742,74; Breu Branco - R$ 3.729.439,30; Itupiranga R$ 2.423.908,69;
Jacundá R$ 5.359.201,09; Marabá R$ 681.792,78; Santarém R$ 299.229,04; Nova
Ipixuna R$ 1.954.618,69, mas o município que se destaca no recebimento deste
benefício através dos recursos de Compensação Financeira pelo Uso dos Recursos
Hídricos – CFURH é o de Novo Repartimento, que já recebeu este ano o montante
de R$ 22.553.774,05, ou seja, juntando todos os valores pagos aos outros municípios,
Novo Repartimento ainda ultrapassa os valores.
Atualmente, um grupo
interministerial do Governo Federal trabalha com a possibilidade de mexer nessa
fórmula de modo a destinar pelo menos 6% da CFURH para compensar comunidades
indígenas atingidas por hidrelétricas da região.
Mais quando se aquece a
discussão sobre os recursos oriundos dos royalties a serem destinados de forma
a atender diretamente a população através de programas de sustentabilidade e
geração de emprego e renda.
Os prefeitos cuidam logo de
mudar o foco da discussão, finalizando o debate, haja vista, ser uma fonte
inesgotável de recursos que obrigatoriamente é utilizado pelo prefeito sem
qualquer empecilho burocrático ou mesmo a obrigatoriedade imediata de sua
prestação de contas dos valore e a destinação aplicada, com isso, manuseando os
recursos “a lá vonter”.
Caro Wellington,
ResponderExcluirSua reportagem sobre os Royalties das hidrelétricas, me motivou a fazer uma monografia sobre o assunto, abordando o aspecto jurídico no tocante a vinculação dos recursos às questões ambientais deflagradas com a implantação da hidrelétrica.
Gostaria de mais informações sobre o assunto caso voce as tenha, da minha parte gostaria de contribuir para que o assunto seja mais divulgado, e a sociedade tenha conhecimento, sobre o tema que é muito pouco divulgado, não só pelos prefeitos, mas também, pelo Governo do Estado.
Grato,
Eduardo Paiva