Os médicos Raimundo Serra e Leone Rocha, com Charles Tocantins secretário de saúde de Tucuruí
Os menores estão sendo as mais
afetadas pela epidemia viral. Até o momento não se sabe o real diagnóstico nem
a origem da doença
Wellington Hugles
De Tucuruí
Foto: Divulgação
As secretarias de Saúde do
estado e do município, juntamente com a direção regional da Secretaria Especial
da Saúde Indígena (SESAI), realizaram uma audiência coletiva à imprensa, que
contou com a presença de uma gramde quantidade de índios e das lideranças dos
Assuriní, para anunciar os primeiros resultados dos exames realizados pelo
Laboratório Central do Estado (Lacen) e Instituto Evandro Chagas (IEC).
Estiveram presentes a reunião
que ocorreu no Núcleo Epidemiológico de Tucuruí, na última quarta-feira (27), o
advogado e secretário Municipal de Saúde de Tucuruí Charles Tocantins, Raimundo
Serra, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA) e o representante da
coordenação do Distrito Sanitário Indígena do Guamá e Tocantins, da Secretaria
Especial da Saúde Indígena (SESAI), órgão ligado ao Ministério da Saúde, o médico
Leone Rocha que deu inúmeros esclarecimentos aos indígenas e lideranças da
aldeia Trocará.
Manifestação – Desde o início
da manhã desta quarta-feira, os índios Assurinis, da aldeia Trocará, realizaram
uma manifestação na gente do prédio do Núcleo Epidemiológico de Tucuruí, restringindo
a entrada das pessoas para a reunião e aguardando um posicionamento concreto da
crise epidemiológica, com o surto viral na aldeia.
Durante a reunião o clima foi
tenso, as lideranças dos Assurinis pediam providências urgentes por parte dos representantes
do governo, pelo quadro caótico da saúde na aldeia, que se encontra abandonada,
em crise com o surto viral que assola a comunidade, principalmente as crianças
da aldeia Trocará.
Segundo informações prestadas
pela coordenação do Distrito Sanitário Indígena do Guamá e Tocantins – órgão
ligado ao Ministério da Saúde, pelo médico Leone Rocha, que anunciou a boa
notícia, de que, o surto epidemiológico já estava controlado. “Foram estabelecidos
protocolos pelo governo federal e o diagnóstico inicial é de três tipos de
vírus – rinovírus, coronavírus e adenovírus”.
São vírus que acometem a
população urbana, e que no geral, tem uma resposta diferente a população
indígena. “Queremos tranquilizar a comunidade indígena e população em geral”, esclareceu
o médico.
O advogado Charles Tocantins, que
responde pela secretária municipal de Saúde e pela presidência do Conselho Estadual
de Secretários de Saúde do Pará, “o município tem trabalhado em conjunto com os
órgãos do Estado e da União visando à prevenção e a assistência para evitar
novos casos da doença”. “Fortalecemos a vigilância epidemiológica e se ocorrer
novos casos, como não temos mais hospital municipal de atenção à saúde dos munícipes,
o Hospital Regional do estado, fará o atendimento aos pacientes que tenham
necessidade de internação”.
O médico afirmou, que os três
tipos de vírus detectados são relacionados aos resfriados que a população
convive diariamente. Contudo, os indígenas não têm as mesmas defesas e
anticorpos contra estes tipos. “Uma série de fatores como a incidência de 100
subgrupos dos tipos de vírus detectados e a baixa resistência das comunidades
indígenas colaboraram para o surto da doença além dos três óbitos dos bebês”,
explicou Leone Rocha, do SESAI.
O médico Raimundo Serra, da
Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA), disse que todas as medidas
necessárias já foram tomadas para conter o avanço da doença, e que um setor
será destinado no Hospital Regional para atender, se necessário aos pacientes
da comunidade Assurini.
De imediato, a medida preventiva
foi à restrição do acesso de entrada de pessoas alheias ao convívio na aldeia.
Apenas as equipes de saúde estão no local trabalhando, e os índios com os
sintomas estão sendo tratados. “Estamos regulando a saída dos indígenas e a
situação está controlada e se estabilizando e o Ministério da Saúde tem
procurado atender da melhor forma possível à comunidade da aldeia Trocará”, não
há porque a população se preocupar, já que os tipos de vírus detectados são
comuns e quase a totalidade da população já tem defesa. “Todos os vírus
respiratórios são responsáveis por resfriados comuns que acometem
principalmente crianças e idosos”, explica Serra.
Sintomas - De acordo com a
Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), as crianças da etnia Assurini
apresentaram sintomas de infecções do trato respiratório, como febre alta,
tosse e insuficiência respiratória, mas os primeiros exames realizados pelo
Laboratório Central do Estado (Lacen) e Instituto Evandro chagas (IEC)
descartaram a possibilidade de elas estarem sofrendo infecção por H1N1.
Também foi descartado o
contágio por metapneumovírus, vírus sincicial respiratório (VCR) e coqueluche.
O IEC informou que recebeu 11
amostras clínicas de pacientes indígenas (etnia Assurini) para investigação de
doença respiratória e que os exames laboratoriais ainda estão em curso.
A Sespa também informou que os
procedimentos feitos pela secretaria correspondem ao apoio técnico por meio do
Lacen, em parceria com o IEC, e ao acompanhamento das ações dos técnicos da
Coordenação Distrital de Saúde Indígena (DSEI) na aldeia. O DSEI, sediado em
Belém, faz parte da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), vinculada ao
Ministério da Saúde.
Conheça o caso - A epidemia
que deixou a aldeia Trocará, da etnia Assurini, há 25 km de Tucuruí, em alerta
nos últimos dias, não se trata do vírus H1N1, como estavam suspeitando, a
princípio, os especialistas.
Duas das crianças que foram
transferidas para Belém ficaram internadas na Unidade de Diagnóstico de
Meningite (UDM), do Hospital Universitário João de Barros Barreto, mas já
retornaram à aldeia por risco de contaminação na UDM e falta de leitos no setor
de pediatria da instituição.
A doença já deixou quatro
crianças mortas (a Sespa confirma três mortes) nos últimos dias. Na noite do
último dia 23, seis crianças da localidade apresentaram sintomas semelhantes ao
da gripe A e foram encaminhadas ao Hospital Regional de Tucuruí. Elas foram
transferidas para Belém, mas no trajeto uma delas não resistiu e morreu. Todas
foram medicadas com o Oseltamivir, que tem o nome comercial de Tamiflu, para o
tratamento de vírus respiratórios.
Diagnóstico inicial é de três
tipos de vírus – rinovírus, coronavírus e adenovirus, explicou o médico Leone
Rocha (Foto Ronan Reis)
Município tem trabalhado em
conjunto com os órgãos do Estado e da União (Foto Ronan Reis)
Diagnóstico inicial é de três
tipos de vírus – rinovírus, coronavírus e adenovirus, explicou o médico Leone
Rocha (Foto Ronan Reis)
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