quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Aldeia Trocará: Surto viral já está sob controle, afirmam autoridades da saúde


 Os médicos Raimundo Serra e Leone Rocha, com Charles Tocantins secretário de saúde de Tucuruí

Os menores estão sendo as mais afetadas pela epidemia viral. Até o momento não se sabe o real diagnóstico nem a origem da doença

Wellington Hugles 
De Tucuruí 
Foto: Divulgação


As secretarias de Saúde do estado e do município, juntamente com a direção regional da Secretaria Especial da Saúde Indígena (SESAI), realizaram uma audiência coletiva à imprensa, que contou com a presença de uma gramde quantidade de índios e das lideranças dos Assuriní, para anunciar os primeiros resultados dos exames realizados pelo Laboratório Central do Estado (Lacen) e Instituto Evandro Chagas (IEC).

Estiveram presentes a reunião que ocorreu no Núcleo Epidemiológico de Tucuruí, na última quarta-feira (27), o advogado e secretário Municipal de Saúde de Tucuruí Charles Tocantins, Raimundo Serra, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA) e o representante da coordenação do Distrito Sanitário Indígena do Guamá e Tocantins, da Secretaria Especial da Saúde Indígena (SESAI), órgão ligado ao Ministério da Saúde, o médico Leone Rocha que deu inúmeros esclarecimentos aos indígenas e lideranças da aldeia Trocará.

Manifestação – Desde o início da manhã desta quarta-feira, os índios Assurinis, da aldeia Trocará, realizaram uma manifestação na gente do prédio do Núcleo Epidemiológico de Tucuruí, restringindo a entrada das pessoas para a reunião e aguardando um posicionamento concreto da crise epidemiológica, com o surto viral na aldeia.

Durante a reunião o clima foi tenso, as lideranças dos Assurinis pediam providências urgentes por parte dos representantes do governo, pelo quadro caótico da saúde na aldeia, que se encontra abandonada, em crise com o surto viral que assola a comunidade, principalmente as crianças da aldeia Trocará.

Segundo informações prestadas pela coordenação do Distrito Sanitário Indígena do Guamá e Tocantins – órgão ligado ao Ministério da Saúde, pelo médico Leone Rocha, que anunciou a boa notícia, de que, o surto epidemiológico já estava controlado. “Foram estabelecidos protocolos pelo governo federal e o diagnóstico inicial é de três tipos de vírus – rinovírus, coronavírus e adenovírus”.

São vírus que acometem a população urbana, e que no geral, tem uma resposta diferente a população indígena. “Queremos tranquilizar a comunidade indígena e população em geral”, esclareceu o médico.

O advogado Charles Tocantins, que responde pela secretária municipal de Saúde e pela presidência do Conselho Estadual de Secretários de Saúde do Pará, “o município tem trabalhado em conjunto com os órgãos do Estado e da União visando à prevenção e a assistência para evitar novos casos da doença”. “Fortalecemos a vigilância epidemiológica e se ocorrer novos casos, como não temos mais hospital municipal de atenção à saúde dos munícipes, o Hospital Regional do estado, fará o atendimento aos pacientes que tenham necessidade de internação”.

O médico afirmou, que os três tipos de vírus detectados são relacionados aos resfriados que a população convive diariamente. Contudo, os indígenas não têm as mesmas defesas e anticorpos contra estes tipos. “Uma série de fatores como a incidência de 100 subgrupos dos tipos de vírus detectados e a baixa resistência das comunidades indígenas colaboraram para o surto da doença além dos três óbitos dos bebês”, explicou Leone Rocha, do SESAI.

O médico Raimundo Serra, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA), disse que todas as medidas necessárias já foram tomadas para conter o avanço da doença, e que um setor será destinado no Hospital Regional para atender, se necessário aos pacientes da comunidade Assurini.

De imediato, a medida preventiva foi à restrição do acesso de entrada de pessoas alheias ao convívio na aldeia. Apenas as equipes de saúde estão no local trabalhando, e os índios com os sintomas estão sendo tratados. “Estamos regulando a saída dos indígenas e a situação está controlada e se estabilizando e o Ministério da Saúde tem procurado atender da melhor forma possível à comunidade da aldeia Trocará”, não há porque a população se preocupar, já que os tipos de vírus detectados são comuns e quase a totalidade da população já tem defesa. “Todos os vírus respiratórios são responsáveis por resfriados comuns que acometem principalmente crianças e idosos”, explica Serra.

Sintomas - De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), as crianças da etnia Assurini apresentaram sintomas de infecções do trato respiratório, como febre alta, tosse e insuficiência respiratória, mas os primeiros exames realizados pelo Laboratório Central do Estado (Lacen) e Instituto Evandro chagas (IEC) descartaram a possibilidade de elas estarem sofrendo infecção por H1N1.

Também foi descartado o contágio por metapneumovírus, vírus sincicial respiratório (VCR) e coqueluche.

O IEC informou que recebeu 11 amostras clínicas de pacientes indígenas (etnia Assurini) para investigação de doença respiratória e que os exames laboratoriais ainda estão em curso.

A Sespa também informou que os procedimentos feitos pela secretaria correspondem ao apoio técnico por meio do Lacen, em parceria com o IEC, e ao acompanhamento das ações dos técnicos da Coordenação Distrital de Saúde Indígena (DSEI) na aldeia. O DSEI, sediado em Belém, faz parte da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), vinculada ao Ministério da Saúde.

Conheça o caso - A epidemia que deixou a aldeia Trocará, da etnia Assurini, há 25 km de Tucuruí, em alerta nos últimos dias, não se trata do vírus H1N1, como estavam suspeitando, a princípio, os especialistas.

Duas das crianças que foram transferidas para Belém ficaram internadas na Unidade de Diagnóstico de Meningite (UDM), do Hospital Universitário João de Barros Barreto, mas já retornaram à aldeia por risco de contaminação na UDM e falta de leitos no setor de pediatria da instituição.

A doença já deixou quatro crianças mortas (a Sespa confirma três mortes) nos últimos dias. Na noite do último dia 23, seis crianças da localidade apresentaram sintomas semelhantes ao da gripe A e foram encaminhadas ao Hospital Regional de Tucuruí. Elas foram transferidas para Belém, mas no trajeto uma delas não resistiu e morreu. Todas foram medicadas com o Oseltamivir, que tem o nome comercial de Tamiflu, para o tratamento de vírus respiratórios.

Diagnóstico inicial é de três tipos de vírus – rinovírus, coronavírus e adenovirus, explicou o médico Leone Rocha (Foto Ronan Reis)

Município tem trabalhado em conjunto com os órgãos do Estado e da União (Foto Ronan Reis)


Diagnóstico inicial é de três tipos de vírus – rinovírus, coronavírus e adenovirus, explicou o médico Leone Rocha (Foto Ronan Reis)

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