sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

E continua a novela do Lourenço: Dnit pode inviabilizar o derrocamento de pedral


Profissionais com livre trânsito nos Conselhos Regionais de Economia e de Engenharia, desde os tempos em que atuava como professores na Universidade Federal do Pará, estão se mobilizando para dar uma dura resposta ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) pelo tratamento que tem sido dispensado ao projeto de derrocamento do Pedral do Lourenço. O grupo, tendo à frente três professores hoje inativos, sendo um da área de economia, pretende cobrar inclusive do reitor Carlos Maneschy uma posição oficial em relação ao assunto.

O descontentamento com o DNIT e o Ministério dos Transportes, derivada especificamente da indefinição em torno da Hidrovia do Tocantins, já vem se acumulando de longa data, mas cresceu em intensidade na quarta-feira, quando foi divulgado o teor de um ofício endereçado ao senador Jader Barbalho (P|MDB/PA) pelo Ministério dos Transportes tendo como tema central exatamente o Pedral do Lourenço.

No ofício, acompanhado de um documento preparado pelo DNIT e assinado pelo seu gerente de projeto, Zeno José Andrade Gonçalves, o Ministério dos Transportes afirma que, “cumpridas integralmente às ações técnicas descritas [sobre o projeto], já foram iniciadas aquelas necessárias ao lançamento do edital para licitação do empreendimento”. As tais “ações técnicas” dizem respeito, principalmente, à redefinição da largura do canal de navegação – que era de 70 metros no estudo inicial, realizado pela UFPA, e que acabou em 145 metros no projeto final, já aprovado pelo DNIT.


Essa mudança – entre outras de natureza técnica – resultou de um processo um tanto complicado e, sob muitos aspectos, considerado “nebuloso” por técnicos paraenses. Depois de aprovar e até licitar o projeto da UFPA – realizado por uma equipe da Faculdade de Engenharia Naval –, o Ministério dos Transportes decidiu engavetá-lo em 2011, tendo para isso cancelado sem maiores explicações o processo licitatório. Em seguida, recebeu da Vale um novo projeto, contratado junto a uma empresa privada.

Como havia entre os dois estudos – o da UFPA e o da Vale – o que o DNIT agora classifica como “relevantes diferenças”, o próprio Departamento tratou de encomendar um terceiro projeto, este último a cargo da Universidade Federal do Paraná.

É esse último estudo, realizado pela UFPR e que, acolhendo parecer da Marinha do Brasil, duplicou a largura do canal de navegação, que o DNIT considera ter equacionado tecnicamente a questão. Com base nesse entendimento, o Ministério dos Transportes informou ao senador Jader Barbalho que já foram iniciadas as ações necessárias ao lançamento do edital para licitação do empreendimento.

Citadas no documento do DNIT, nem a Vale e nem a direção da Faculdade de Engenharia Naval da UFPA quiseram se manifestar. A Vale disse, por sua assessoria, que considera encerrado o assunto. Já a direção da Faculdade de Engenharia Naval informou, em tom lacônico, que não tem ainda conhecimento oficial da decisão e somente se pronunciará “quando e se julgar oportuno”.

Já os setores da chamada “comunidade tecnológica” se mostram menos tolerantes. Eles consideram que o DNIT tem adotado desde o início “um comportamento errático” em relação ao derrocamento do Pedral do Lourenço e demonstrado “total falta de compromisso com os interesses do Pará”. O economista, que faz parte da direção atual do Conselho Regional de Economia, foi mais enfático. Pedindo para ter seu nome preservado, já que não pode falar pela entidade, usou de meias palavras. “Eles estão tentando mais uma vez enganar o Pará. Todas as soluções apresentadas pelo DNIT inviabilizam cada vez mais o projeto, e desta vez não será diferente. Podem anotar”, disparou.

Diretor do Dnit diz que Dilma anunciará licitação dia 28

Depois de um ano de promessas não cumpridas, possivelmente o governo federal deve anunciar no próximo dia 28 o cronograma de implantação da Hidrovia do Tocantins, cuja obra principal é o derrocamento do Pedral do Lourenço.

A informação foi repassada pelo diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNit), Tarcísio Freitas, durante reunião de negócios realizada num hotel de Marabá nesta quinta-feira (20).

“O que eu posso dizer é que o projeto está pronto. Se perdeu tempo no estudo, se perdeu tempo projetando para agora licitar e ter uma confiança grande naquilo que já está sendo licitado. Eu posso garantir o seguinte: a obra vai ser licitada e a presidenta [Dilma Rousseff] vai anunciar a licitação dessa obra no próximo dia 28”, assegurou Tarcísio Freitas.

Embora exista uma desconfiança quanto ao anúncio, devido ao longo tempo de incertezas, um fato conta a favor. Desta vez o Pará não está sozinho: a Associação de Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja-MT) entrou na briga pela hidrovia por entender que Marabá pode ser a porta de saída da soja produzida no vizinho Estado.

Quem explica é o presidente da Aprosoja, Carlos Fávaro: “O mundo inteiro transporta seus commodities através de hidrovia. Não dá para comportar minério nem grãos em cima de caminhões. Não podemos desperdiçar a dádiva divina de ter rios navegáveis para ganhar competitividade e não dá para admitir também numa obra como [a usina hidrelétrica de]Tucuruí a eclusa ficar pronta e não poder ter acesso por falta do Pedral do Lourenço”.

A ideia dos produtores do Mato Grosso, em parceria com as associações comerciais dos municípios da região, é que a soja produzida em Confresa (MT), entre no Pará pela rodovia BR-158, depois pela BR-155, até chegar a Marabá e daqui até Barcarena, pela hidroviária.

Mas, para isso, os investidores precisam não apenas do derrocamento do Pedral do Lourenço. Eles também têm de convencer o governo federal a acelerar a recuperação dessas duas BRs.

Empresários do Pará e Mato Grosso se unem pelo projeto

Durante a reunião que ocorreu em Marabá nesta quinta-feira, o prefeito João Salame deixou claro seu apoio irrestrito ao governo federal e afirmou que a abertura do canal de navegação no Tocantins possibilitará às classes política e empresarial de Marabá e região retomarem dos diálogos com a Vale em relação à implantação da Aços Laminados do Pará (Alpa), cujas obras estão paralisadas devido principalmente à falta de hidrovia, que é por onde a produção será escoada e também por onde o carvão mineral a ser usado na produção vai chegar a Marabá.

Salame, assim como a presidente da Câmara de Vereadores de Marabá, Júlia Rosa, cobrou do DNit mais de celeridade no asfaltamento dos dois trechos que perfazem 15 quilômetros na rodovia Transamazônica, na altura de Palestina do Pará. Cobraram também a recuperação de pontes de madeira no sul do Pará, que têm causado acidentes fatais ao longo de décadas sem substituição por pontes metálicas.

Responsável por articular o encontro na região, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim), Gilberto Leite, classificou a ação como um momento importante para Marabá, porque congrega a classe empresarial do Pará e do Mato Grosso ao governo federal (DNit) na busca por saídas viáveis para a economia dos dois Estados. 
Caravana

Depois da reunião em Marabá, a caravana composta por Acim, DNit e Aprosoja (Pró Logística) saiu de Marabá às 10h com destino a Eldorado do Carajás, onde participou de almoço com representantes da prefeitura e da Associação Comercial de Eldorado. Depois a comitiva rumou para a Xinguara, onde houve reunião também com a prefeitura e a Associação Comercial. À noite aconteceu um jantar com lideranças da região no Sindicato Rural de Redenção.


A caravana partiu nesta sexta-feira (21), às 7 h com destino a Santana do Araguaia, para chegar à cidade de Confresa, já no Mato Grosso, no início da tarde. De lá farão um sobrevoo no traçado da BR-158 rumo à Reserva Marawatsede, em aeronave fretada pela Aprosoja, para concluir a caravana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Eleições 2024: Hernandes Vaz, um nome em ascensão rumo à Prefeitura de Tucuruí

“Não tenho medo de desafios, com fé, determinação e trabalho, farei o possível para modificar o cenário político de Tucuruí e juntos termos ...