quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Dia de Natal: Bebê de 11 meses morre por falta de assistência do estado



WELLINGTON HUGLES
De Tucuruí
Foto: Wellington Hugles

Mais uma lamentável morte de bebê foi registrada no Hospital Regional de Tucuruí (HRT), no sudeste paraense, por falta de assistência do governo do estado, que, por não garantir a transferência imediata para a capital do estado, a criança de apenas 11 meses de nascida, foi a óbito no Pronto Socorro do HRT por ter ingerido um grão de milho.

Os pais do bebê de 11 meses de inicias S.M.A., natural da zona rural da cidade de Pacajá, localizada as margens da Rodovia Transamazônica, no sudeste paraense, denunciaram, a falta de assistência à saúde de sua filha por parte do governo do estado.

Segundo o pai Domingos Gomes Aguiar, sua filha teria engolido há alguns dias atrás um grão de milho, sua esposa Kelly Rodrigues Moreira ao observar que a bebezinha estava com dificuldades na respiração procurou o posto de saúde de sua localidade, mas nada foi possível identificar, sendo orientados a procurarem o hospital municipal da cidade, os pais foram até Pacajá em busca de atendimento médico a sua filhinha, mas em função ao período natalino não tiveram êxito pela falta de médicos, sendo encaminhados com urgência para o Hospital Regional de Tucuruí (HRT), referência no tratamento de média e alta complexidade na região, e único com condições de identificar o quadro clínico do bebê de 11 meses de nascido.

A criança deu entrada às 19 h do último dia 23, no Pronto Socorro do HRT, com um quadro de complicações no sistema respiratório, os médicos plantonistas resolveram de imediato entubar a bebezinha que ficou internada em uma UTI semi-intensiva existente na ala do Pronto Socorro.

Segundo os profissionais que atenderam a bebê no Regional, tudo foi feito para salvar a vida da criança, as médicas: Socorro, Amora e Carmem, fizeram todos os procedimentos médicos, mas em função a falta do equipamento para realizar o exame de broncoscopia, que permite através de um aparelho com fibras óticas, a visualização interna do sistema respiratório, desde a laringe até os brônquios, e com isso, a exatidão para o procedimento cirúrgico.

Como o único Hospital do governo do Estado que atende toda a região dos municípios do entorno do lago de Tucuruí, e diversas outras localidades, por ser referência, mesmo tendo recursos pactuados pelos sete municípios e gerenciados pela secretaria de saúde do município de Tucuruí e o Hospital Regional de Tucuruí mesmo recebendo uma média de quase R$ 1,5 milhões mensais do Governo do Pará para aquisição de material, equipamentos e medicamentos, não possui o aparelho que custa o valor irrisório no mercado de R$ 25 mil, ou seja, hoje o HRT tem uma folha suplementar de funcionários prestadores de serviços, com salários que variam de R$ 3 mil a R$ 30 mil ao mês, e não tem condições de adquirir um equipamento de vital importância para salvar as vidas dos internos.

É fato que um caso idêntico como este foi registrado no HRT a pouco tempo atrás, onde uma criança teria sido internado com suspeita de ter engolido uma ervilha, mas sem o aparelho a criança não pode ser operada e foi a óbito, no laudo de necropsia do IML, foi encontrada uma pedra no órgão da criança.

Óbito – Por volta das 15 h da quarta-feira (25), data em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo, a bebê de 11 meses de nascida foi a óbito, tudo por que em Tucuruí a única clínica que possui o aparelho o médico responsável estava fora da cidade, e todas as tentativas foram feitas com a central de leito da Sespa em Belém, mostrando a necessidade da transferência urgente da criança para a capital, sendo que o único leito que foi disponibilizado era na Santa Casa de Misericórdia, mas que em função ao surto de varicela, a Santa Casa está fechada.

Todas as tentativas foram feitas para um leito do estado, sendo que para a transferência para uma clínica particular em Belém, só seria possível através de uma UTI Aérea, sendo feitos todos os contatos, mas sem sucesso, segundo os familiares os responsáveis pelo HRT disseram que só faltava acionarem o governador Simão Jatene para sensibiliza-lo da liberação do avião, mas. Infelizmente, a bebezinha, que já estava com o quadro de infecção bastante avançado, internada há dois dias em uma UTI semi-intensiva adaptada, com grandes limitações no Pronto Socorro do HRT, não conseguiu esperar a liberação do avião UTI por parte do governo do estado e foi a óbito às 15:40 h.

O desespero foi grande dos familiares pela perda repentina da bebezinha, segundo o pai Domingos Aguiar, infelizmente a vida não tem valor para os nossos governantes, hoje presenciei a morte da minha filha, por negligência do governo do estado, quero agradecer aos funcionários do hospital que fizeram de tudo para salvar a vida de minha filha, “mas só porque somos pobres e do mato, não tivemos direito de com urgência termos a liberação de um avião UTI para levar minha filha que já estava entubada para Belém, se isso tivesse sido feito no momento em que as médicas requisitaram hoje minha filha poderia estar viva entre nós, isso e o Pará das mudanças, é este o Pará que nós merecemos”.

Diversas tentativas foram realizadas pela equipe de reportagem para ouvir os esclarecimentos por parte da Diretora do HRT enfermeira Diana Helen dos Santos Silva, mas sem sucessos, assim como, até o fechamento desta edição não tivemos retorno da Sespa com referência a um posicionamento ao assunto.

O corpo do bebê foi removido para o Instituto Médico Legal de Tucuruí, onde na noite do óbito foi realizada a autópsia, e após 15 dias será expedido o laudo da causa morte.

O corpo foi liberado aos familiares que levaram o féretro para o município de Pacajá, onde foi enterrado no final da tarde desta quinta feira (26), no cemitério público da cidade.

As investigações que vão apurar as causas que levaram a morte da criança será realizada pela Delegacia de Polícia de Pacajá, que através do delegado Jivago Ferreira deverá tentar identificar se houve alguma negligência que possa ter ocasionado a morte da bebê.
 



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