WELLINGTON HUGLES
De Tucuruí
Foto: Wellington Hugles
Mais uma lamentável morte de
bebê foi registrada no Hospital Regional de Tucuruí (HRT), no sudeste paraense,
por falta de assistência do governo do estado, que, por não garantir a
transferência imediata para a capital do estado, a criança de apenas 11 meses
de nascida, foi a óbito no Pronto Socorro do HRT por ter ingerido um grão de
milho.
Os pais do bebê de 11 meses de
inicias S.M.A., natural da zona rural da cidade de
Pacajá, localizada as margens da Rodovia Transamazônica, no sudeste paraense,
denunciaram, a falta de assistência à saúde de sua filha por parte do governo
do estado.
Segundo o pai Domingos Gomes
Aguiar, sua filha teria engolido há alguns dias atrás um grão de milho, sua
esposa Kelly Rodrigues Moreira ao observar que a bebezinha estava com
dificuldades na respiração procurou o posto de saúde de sua localidade, mas
nada foi possível identificar, sendo orientados a procurarem o hospital
municipal da cidade, os pais foram até Pacajá em busca de atendimento médico a
sua filhinha, mas em função ao período natalino não tiveram êxito pela falta de
médicos, sendo encaminhados com urgência para o Hospital Regional de Tucuruí
(HRT), referência no tratamento de média e alta complexidade na região, e único
com condições de identificar o quadro clínico do bebê de 11 meses de nascido.
A criança deu entrada às 19 h
do último dia 23, no Pronto Socorro do HRT, com um quadro de complicações no
sistema respiratório, os médicos plantonistas resolveram de imediato entubar a bebezinha
que ficou internada em uma UTI semi-intensiva existente na ala do Pronto
Socorro.
Segundo os profissionais que
atenderam a bebê no Regional, tudo foi feito para salvar a vida da criança, as
médicas: Socorro, Amora e Carmem, fizeram todos os procedimentos médicos, mas
em função a falta do equipamento para realizar o exame de broncoscopia, que
permite através de um aparelho com fibras óticas, a visualização interna do
sistema respiratório, desde a laringe até os brônquios, e com isso, a exatidão
para o procedimento cirúrgico.
Como o único Hospital do
governo do Estado que atende toda a região dos municípios do entorno do lago de
Tucuruí, e diversas outras localidades, por ser referência, mesmo tendo
recursos pactuados pelos sete municípios e gerenciados pela secretaria de saúde
do município de Tucuruí e o Hospital Regional de Tucuruí mesmo recebendo uma média
de quase R$ 1,5 milhões mensais do Governo do Pará para aquisição de material,
equipamentos e medicamentos, não possui o aparelho que custa o valor irrisório no
mercado de R$ 25 mil, ou seja, hoje o HRT tem uma folha suplementar de
funcionários prestadores de serviços, com salários que variam de R$ 3 mil a R$
30 mil ao mês, e não tem condições de adquirir um equipamento de vital
importância para salvar as vidas dos internos.
É fato que um caso idêntico como
este foi registrado no HRT a pouco tempo atrás, onde uma criança teria sido internado
com suspeita de ter engolido uma ervilha, mas sem o aparelho a criança não pode
ser operada e foi a óbito, no laudo de necropsia do IML, foi encontrada uma
pedra no órgão da criança.
Óbito – Por volta das 15 h da
quarta-feira (25), data em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo, a bebê
de 11 meses de nascida foi a óbito, tudo por que em Tucuruí a única clínica que
possui o aparelho o médico responsável estava fora da cidade, e todas as
tentativas foram feitas com a central de leito da Sespa em Belém, mostrando a
necessidade da transferência urgente da criança para a capital, sendo que o
único leito que foi disponibilizado era na Santa Casa de Misericórdia, mas que
em função ao surto de varicela, a Santa Casa está fechada.
Todas as tentativas foram feitas
para um leito do estado, sendo que para a transferência para uma clínica
particular em Belém, só seria possível através de uma UTI Aérea, sendo feitos
todos os contatos, mas sem sucesso, segundo os familiares os responsáveis pelo
HRT disseram que só faltava acionarem o governador Simão Jatene para
sensibiliza-lo da liberação do avião, mas. Infelizmente, a bebezinha, que já
estava com o quadro de infecção bastante avançado, internada há dois dias em
uma UTI semi-intensiva adaptada, com grandes limitações no Pronto Socorro do
HRT, não conseguiu esperar a liberação do avião UTI por parte do governo do
estado e foi a óbito às 15:40 h.
O desespero foi grande dos
familiares pela perda repentina da bebezinha, segundo o pai Domingos Aguiar,
infelizmente a vida não tem valor para os nossos governantes, hoje presenciei a
morte da minha filha, por negligência do governo do estado, quero agradecer aos
funcionários do hospital que fizeram de tudo para salvar a vida de minha filha,
“mas só porque somos pobres e do mato, não tivemos direito de com urgência
termos a liberação de um avião UTI para levar minha filha que já estava
entubada para Belém, se isso tivesse sido feito no momento em que as médicas requisitaram
hoje minha filha poderia estar viva entre nós, isso e o Pará das mudanças, é
este o Pará que nós merecemos”.
Diversas tentativas foram
realizadas pela equipe de reportagem para ouvir os esclarecimentos por parte da
Diretora do HRT enfermeira Diana Helen dos Santos Silva, mas sem sucessos,
assim como, até o fechamento desta edição não tivemos retorno da Sespa com
referência a um posicionamento ao assunto.
O corpo do bebê foi removido
para o Instituto Médico Legal de Tucuruí, onde na noite do óbito foi realizada
a autópsia, e após 15 dias será expedido o laudo da causa morte.
O corpo foi liberado aos
familiares que levaram o féretro para o município de Pacajá, onde foi enterrado
no final da tarde desta quinta feira (26), no cemitério público da cidade.
As investigações que vão
apurar as causas que levaram a morte da criança será realizada pela Delegacia
de Polícia de Pacajá, que através do delegado Jivago Ferreira deverá tentar
identificar se houve alguma negligência que possa ter ocasionado a morte da bebê.
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