Três cadáveres foram enterrados por ordem do prefeito Sancler Ferreira de forma irregular e criminosa no Novo Cemitério Parque Municipal desde o último sabado (24), que não possui licença ambiental da SEMA para funcionamento
Desde 2011 a prefeitura de Tucuruí estava enterrando os mortos em locais impróprios acabando com as calçadas e passeios dos cemitérios lotados
A placa aponta os valores, prazo e o número de 62 empregados na obra, mais nunca ultrapassou cinco contratados trabalhando
Obras paralisadas há anos inviabilizaram a abertura do novo cemitério além da falta de licença ambiental e de funcionamento expedida pela SEMA
Superlotação do cemitério público “Jardim da Saudade”
Superlotação do cemitério público “Santa Izabel”
Obras inacabadas e com poucos trabalhadores se arrastam a três anos
Cadáveres enterrados no novo cemitério que não possui muro de proteção
Valeta descarregará águas do novo cemitério direto nos mananciais que abastecem a cidade com água potável
Uma visão triste acima para o Cemitério "Jardim da Saudade” que após 20 anos se encontra lotado e com seu interior totalmente queimado conforme fotos abaixo
Sem licença ambiental e de funcionamento várias covas estão cavadas esperando os mortos em um local totalmente irregular liberado pelo prefeito de Tucuruí Sancler Ferreira
WELLINGTON HUGLES
De Tucuruí
Fotos: Wellington Hugles
Revisão de Texto: Rodrigo Macedo
Com a superlotação dos dois
cemitérios públicos da cidade, o “Santa Izabel” e o “Jardim da Saudade”, a
prefeitura de Tucuruí, ainda realizou nos últimos dias, segundo denúncias
populares, a queimada do campo santo “Jardim da Saudade”, para tentar com a
destruição das cruzes das famílias mais carentes, criar mais espaços para
sepultamentos, haja vista, desde setembro de 2011, já estavam criando novos
espaços para sepultamentos, acabando com as passarelas, calçadas e em covas
abandonas, mas, infelizmente, a queimada, criou foi a revolta das famílias dos
mortos, que ameaçaram o poder público de entrarem com ação judicial contra a
municipalidade.
Como no município de Tucuruí
não existe nenhum cemitério particular, que possa atender a grande demanda de
mortes que semanalmente ocorrem na cidade e os outros municípios ficam
distantes, a Prefeitura de Tucuruí tem a obrigatoriedade de absorver a demanda,
ficando impossível sepultar qualquer morto em um dos dois cemitérios já
superlotados, apenas aqueles que possuam jazigos familiares, inclusive, sendo
observado e respeitando o prazo para novo sepultamento no mesmo jazigo.
Ocorre que, não encontrando
outra solução, mesmo tendo passado mais de dois anos, as obras do novo
cemitério paradas e o processo de pedido de licença ambiental ainda em
tramitação, o gestor municipal Sancler Ferreira ciente das suas
responsabilidades, ordenou que a Secretaria de Serviços Urbanos que tem a
frente Anísio Pacheco, iniciasse desde o último dia 24, os sepultamentos de
cadáveres no novo Cemitério “Parque Municipal”.
O novo Cemitério Parque, está
com suas obras atrasadas há mais de 18 meses, projetado para atender 35 mil
jazigos, localizado no KM 3 da Rodovia Transcametá, com uma área total de 58
hectares, teve suas obras iniciadas no mês de maio de 2011, e previsão para ser
inaugurado em março de 2012, orçado em quase R$ 1 milhão, tendo como empresa
contratada a Construtora ETUZEA, que há época era de propriedade do atual
prefeito de Goianésia do Pará João Gomes “Russo”, e até os dias atuais, não
finalizou nenhuma meta da obra que era dividido em células, mas, segundo
informações prestadas pela Secretaria de Finanças, dois termos aditivos com
aumento de recursos para a conclusão da obra foram assinados e pagos.
No local onde vai funcionar o
novo Cemitério Parque, nada foi concluído pela empresa ETUZEA, o muro de
proteção está inacabado ficando o local completamente aberto, a construção da
área dos jazigos e inexistente, do total projetado para 35 mil vagas para
sepultamentos, apenas 3% das covas foi improvisada, com uma calçada enumerando
os lotes, três cadáveres já foram sepultados de forma irregular e clandestina,
estando abertas inúmeras outras covas para novos sepultamentos.
Dentro da área não existe
iluminação, capela, cruzeiro, locais de acesso, muito menos água para qualquer
necessidade dos familiares que por ventura necessitem visitar os seus entes
queridos nos jazigos.
Clandestino - Com a
autorização pelo prefeito Sancler Ferreira dos sepultamentos, a gestão
municipal, infringiu todas as diretrizes que norteiam as leis de proteção ao
meio ambiente, rasgando a constituição federal que obriga o poder público a
garantir um local digno ao último repouso dos mortos.
Secretário Municipal de Meio Ambiente de Tucuruí (SEMMA), André Fontana
Contradição - Segundo
informações do Secretário Municipal de Meio Ambiente de Tucuruí (SEMMA), André
Fontana, prestadas na tarde da quarta-feira (28), a Prefeitura de Tucuruí deu entrada
em 2011 no pedido de Licença Ambiental para o funcionamento do cemitério e
regulamentar os sepultamento de cadáveres na área localizada as margens da
Rodovia Transcametá no Km 3, mas, em função a denúncias da população a SEMA do
Estado, que a área do novo cemitério estava localizada próximo aos mananciais
do Igarapé Santos, local da captação, tratamento e distribuição de água potável
para todos os bairros da cidade, e que, futuramente com os sepultamentos,
poderá contaminar o solo através de líquidos liberados pelos corpos, podendo
chegar a contaminar a nascente do Igarapé Santos.
A Secretaria de Estado de Meio
Ambiente (SEMA), após ter acesso à denúncia, decidiu, estudar com maior rigor o
pedido, solicitando a apresentação de estudos técnicos de impactos ambientais
do local à prefeitura de Tucuruí, para que não colocassem em risco os
mananciais e a nascente do Igarapé Santos em detrimento a população usuária.
André Fontana, informou ainda,
que entrou em contato telefônico com a diretoria de Liberação de Licenças da
SEMA, nesta data, e recebeu a seguinte informação, “o pedido de Licença
Ambiental da SEMA, para o Cemitério “Parque de Tucuruí”, encontra-se em
andamento e sob análise no Setor Jurídico desta Secretaria”.
Fontana afirmou a equipe de
reportagem, que só após a liberação desta licença ambiental, é que o município
poderá realizar sepultamentos no novo cemitério, esclareceu ainda, “se por
acaso, a gestão municipal viesse a realizar sepultamentos neste local sem
licença ambiental, a Prefeitura estaria cometendo inúmeros crimes ambientais
irreversíveis, além de estar proporcionando sepultamentos clandestinos em
locais irregulares e de forma criminosa”, defendeu.
O imbróglio está criado, o
município tem a carência de novos jazigos para atender aos cadáveres, que
inclusive, no último caso de morte registrado em Tucuruí, ocorrida no sábado
(24), o cidadão só foi enterrado, no fim da manhã da segunda-feira (26), por
cessação de uma família que autorizou o uso do jazigo familiar no Cemitério
“Jardim da Saudade”, para que o cadáver não ficasse sem ser enterrado.
Mas, isso só ocorreu por que a
família do morto é muito conhecida na cidade e haveria a divulgação a população
em geral, sendo revelada a utilização irregular do local para sepultamentos,
sendo enterrados três cadáveres desde o último sábado (24).
Os funcionários da empresa
construtora ETUZEA, informaram que para o andamento da obra estava previsto a
contratação de 68 trabalhadores, mas, durante estes três anos nunca passou de
cinco funcionários por dia, inclusive, pelo ritmo do trabalho e do fornecimento
do material, este Novo Cemitério deverá lotar antes mesmo da obra ser
finalizada.
A equipe de reportagem tentou
contato com a Assessoria de Comunicação e com o prefeito Sancler Ferreira,
sendo informado por sua equipe, que não fariam qualquer declaração com
referência ao assunto.
Com um secretario destes o prefeito não precisa de oposição....
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