O governo federal não vai socorrer a
Centrais Elétricas do Pará (Celpa), distribuidora de energia que atende aos 144
municípios paraenses e que se encontra em processo de recuperação judicial. A
declaração foi dada pelo diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), Nelson Hübner, que participou ontem de uma audiência pública realizada
no Senado Federal. De acordo com Hübner, a má situação financeira da Celpa, que
tem dívidas de aproximadamente R$ 3 bilhões, foi provocada por má gestão e
falta de investimento.
De acordo com a Justiça do Pará, a Celpa
deve pelo menos R$ 600 milhões à Eletrobrás e aproximadamente R$ 1 bilhão a
instituições financeiras. O maior credor é o BNDES, com R$ 235,3 milhões.
Outros R$ 141,5 milhões são fruto de dívidas com o Bradesco; R$ 123,9 milhões
com o Banco da Amazônia; R$ 87,1 milhões com o Itaú BBA; e R$ 76,1 milhões com
o Banco do Brasil.
Investidores representados pelo Bank of
New York Mellon também têm R$ 443,6 milhões a receber. Segundo o Sindicato dos
Urbanitários do Pará, a Celpa deve ainda R$ 135 milhões de ICMS ao Estado.
Há um mês, a empresa, controlada pelo
grupo Rede Energia, entrou com um pedido de recuperação judicial devido ao
agravamento da sua situação econômica. A Celpa tem que apresentar à Justiça, no
próximo dia 5 de maio, o plano de recuperação.
Durante a audiência nesta quarta-feira
(28), o presidente do Conselho de Administração da Celpa, Jorge Queiroz de
Moraes Júnior, pediu ajuda dos senadores para convencer a Eletrobrás a assumir
o controle da distribuidora ou, pelo menos, aumentar sua participação e ajudar
com novo investimento. Queiroz disse temer que o plano de recuperação não seja
aceito pelos credores caso a estatal continue se recusando a investir.
Questionado sobre qual seria o caminho
para a recuperação judicial, Queiroz foi enfático: “Aceitamos qualquer solução.
O que estamos fazendo está dentro do possível para continuar trabalhando”,
disse, ao afirmar que a empresa aceita intervenção federal ou a chamada
‘solução de mercado’, com aporte de capital de novos acionistas da iniciativa
privada.
“Se a Eletrobrás entrar com dinheiro, é
muito mais provável que os credores entendam o que está acontecendo e aprovem o
plano de recuperação que será apresentado. Peço que seja feito um esforço da Eletrobrás
e que, se ela não quiser assumir a Celpa, que não assuma. Mas, ajude”, disse
Queiroz.
Ele informou ainda que vai voltar a
apresentar à Eletrobrás uma nova proposta para que invista na Celpa, com aumento
de capital bem menor do que o previsto anteriormente. O presidente chegou a
pedir ajuda dos senadores que participaram da audiência para convencer a Eletrobrás
a assumir o controle da Celpa ou, pelo menos, aceitar investir e aumentar sua
participação na distribuidora, que hoje é de 34%. A Eletrobrás não mandou
representante à audiência. (Com informações da sucursal de Tucuruí do Diário do
Pará)
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