quinta-feira, 3 de abril de 2014

Tucuruí: Escândalo da Capemi será investigado pelo MPF

MPF investiga prejuízos provocados por empresa vinculada a militares em obras da hidrelétrica de Tucuruí
Obrigação de reparação de prejuízos aos cofres públicos é imprescritível

Na última segunda-feira, 31 de março, quando o golpe militar de 64 completou 50 anos, o Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para analisar indícios de prejuízos aos cofres públicos provocados pela empresa Agropecuária Capemi Indústria e Comércio, vinculada à Carteira de Pensões dos Militares (Capemi), na década de 80.

De acordo com a Constituição, a obrigação de reparação de danos aos cofres públicos é imprescritível.

Segundo dados levantados pelo MPF, a Agropecuária Capemi Indústria e Comércio foi contratada pelo então existente Instituto Brasileiro de Defesa Florestal (IBDF) para extrair e comercializar toda a madeira da área que seria inundada com a construção da hidrelétrica de Tucuruí, no sudeste do Pará.

As informações preliminares dão conta que a empresa teria sido criada apenas três meses antes do lançamento da licitação que previa as atividades de extração e comercialização da madeira.

Consta também que, para obter recursos para a compra do maquinário necessário à realização dos serviços, a Agropecuária Capemi conseguiu empréstimo de 100 milhões de dólares com uma instituição financeira estrangeira, o que teria sido avalizado pelo Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC), subordinado ao Ministério da Agricultura.

Segundo informações, a empresa vinculada à Capemi teria sacado US$ 25 milhões, comprometendo-se a pagar até 1984. No entanto, há informações de que o empréstimo teria sido pago pelo banco estatal BNCC.

O pré-levantamento de dados feito pela Procuradoria da República em Tucuruí, antes da abertura da investigação, registra informações de que a agropecuária faliu, tendo desmatado apenas 10% da área contratada.


Apesar de o contrato com o IBDF ter sido rescindido em 1983, há indícios de prejuízos aos cofres públicos, diz despacho do procurador da República responsável pelo caso. O procedimento instaurado tem o objetivo de fazer as apurações devidas e promover a reparação integral do dano ao erário. O episódio ficou conhecido como “Escândalo Capemi”.

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