PARÁ: O MELHOR VIZINHO DO BRASIL
O governo federal está empenhado em
aumentar a produção de energia da Hidrelétrica de Tucuruí. Especula-se que já
existem estudos para a construção de uma terceira estrutura, capaz de
acrescentar até 2.500 MW na sua potência atual. Se isso realmente acontecer, o
Brasil ficará tranquilo porque o Pará vai mandar mais energia para o resto do
País.
Ou seja: não há dinheiro para o
derrocamento do Pedral do Lourenço (e com isso as eclusas ficam como enfeites
na Hidrelétrica de Tucuruí); não há dinheiro para a construção do Porto de
Barcarena, mas há dinheiro (cerca de 5 bilhões) para ampliar Tucuruí e garantir
mais energia para o País? E nós, paraenses, onde ficamos?
Sem as obras de derrocamento, o Pará não
terá logística para o transporte hidroviário. Na sequência, o Porto de Itaqui,
no Maranhão, vai continuar com o escoamento do minério de ferro de Carajás. E
agora, o Ceará se habilita com indústria siderúrgica e pode transformar o nosso
ferro em aço e com isso se tornar um Estado industrial, produzindo todo tipo de
equipamento sem ter um grama de minério de ferro em seu solo. A implantação da
Aços Laminados do Pará, a Alpa, anunciada pela Vale, juntamente com a
governador Ana Júlia Carepa, a então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Roussef
e o presidente Lula, nunca saiu do papel, porque a industrialização do minério
de ferro em Marabá depende da navegabilidade do rio Tocantins. Há mais de seis
meses encaminhei requerimento à mesa do Senado, para que a ministra do
Planejamento, Mirian Belchior, fornecesse informações do Protocolo de Intenções
assinado pelo governo e a Vale sobre a implantação da Alpa e as obras do Pedral
do Lourenço. A resposta é que havia uma comissão tratando do assunto.
Como parlamentar dediquei muito tempo na
luta pela construção das eclusas de Tucuruí. Finalmente as eclusas ficaram
prontas, mas não há uma sequência, ou um compromisso com as obras daqui. De vez
em quando aparece uma cabeça de burro para empacar o nosso desenvolvimento.
Eu fiquei indignado e perplexo ao saber
que Tucuruí poderá ser ampliada para garantir mais energia para o Brasil quando
nada sabemos sobre a construção da Hidrovia Araguaia-Tocantins que pode
proporcionar a integração brasileira com os mercados do mundo todo. É um velho
sonho paraense de progresso e desenvolvimento industrial. A Hidrovia
Araguaia-Tocantins é uma projeção futurista que vai melhorar a área dos
transportes no Brasil. O Pará tem muitos rios, e o transporte hidroviário, sem
nenhuma dúvida, é o mais barato.
Já enviei correspondência à presidente
Dilma para que o derrocamento do Pedral do Lourenço seja reincluído no Programa
de Aceleração de Crescimento, o PAC. A obra saiu do PAC depois de ter sido
anunciada como prioridade. Sem ela o Pará nunca vai entrar na era do aço. Por
sorte, vejo com satisfação que a sociedade paraense começa a despertar: essa
semana, entidades empresariais, governo estadual e parlamentares vão à Casa
Civil da Presidência da República pressionar o governo para a construção da
Hidrovia. E há outros movimentos e frentes que estão na luta. E é isso que tem
que ser feito. A sociedade não pode deixar de se indignar diante do descaso e
da falta de compromisso. A juventude do ser humano reside não apenas na idade cronológica.
A velhice chega quando perdemos a capacidade de indignação.
O Pará tem sido um grande vizinho para o
Brasil. O governo federal só se empenha em obras por aqui se elas servirem ao
País, como Belo Monte e agora essa especulação da ampliação da Hidrelétrica de
Tucuruí. Já o derrocamento do Pedral do Lourenço ou a Hidrovia do Tocantins e
outras tantas podem esperar, porque na visão do governo só interessam aos
paraenses.
JADER BARBALHO
http://www.jaderbarbalho.com/site/
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