quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Usina Hidrelétrica de Tucuruí comemorou 28 anos de pura energia

Fotos: Arquivo do Jornal de Tucuruí
Usina Hidrelétrica de Tucuruí comemorou 28 anos de geração de pura energia para o Pará e o Brasil


Usina Hidrelétrica de Tucuruí a maior usina genuinamente brasileira
Primeiro lançamento de concreto da UHE Tucuruí Camargo Corrêa e Garcia Lanno
Inauguração da primeira turbina geradora em 1984 pelo presidente João Batista Figueiredo
 Inauguração da 13ª turbina em 2002 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso
 Inauguração da 17ª turbina pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva
Casa de força com 25 turbinas em plena geração de energia

A Usina Hidrelétrica de Tucuruí construída no Rio Tocantins, em Tucuruí, sudeste do Pará, tem sua capacidade geradora instalada de 8.370 MW. É a maior usina hidroelétrica 100% Brasileira em potência instalada. Seu vertedouro tem a capacidade de escoar 110.000 m³/s no período do inverno, sendo o segundo maior vertedouro do mundo. A construção foi iniciada em 24 de novembro de 1974, e sua primeira fase inaugurada em 22 de novembro de 1984 pelo presidente João Batista Figueiredo, na época com a capacidade de gerar 4000 MW, ampliada em meados de 2010 para a capacidade geradora de 8.370 MW, através de suas 25 turbinas em que estão em pleno funcionamento.
Grandiosidade – A Usina Hidrelétrica de Tucuruí teve os primeiros estudos de engenheiros brasileiros para aproveitamento hidrelétrico do Rio Tocantins por volta do ano de 1957. O projeto ganhou força na década de 60 como parte de políticas do Governo Federal para o desenvolvimento e integração da Amazônia, e para atender a indústria de alumínio gerada pelos jazigos de bauxita da região. Outro objetivo era possibilitar a navegação naquele trecho do rio, originalmente cheio de corredeiras.
O projeto civil foi feito pelo Consórcio Projetista Engevix-Themag. A construção coube à Construtora Camargo Corrêa, e quebrou todos os recordes mundiais de terraplenagem, exigindo 50.223.188 m³ de escavações, 41.600.000 m³ de aterro, e 6.000.000 m³ de concreto.
As turbinas e suas instalações foram projetadas na França pelo laboratório da Neyterc na cidade de Grenoble. Seis turbinas foram construídas no Brasil e as outras seis na França.
A barragem de Tucuruí, de terra, tem 11 km de comprimento e 78 m de altura. O desnível da água varia com a estação entre 58 e 72 m. O reservatório tem 200 km de comprimento e 2.850 km² de área quando cheio, ou seja, 0,341 km² por MW instalado. Contando com mais de 1.600 ilhas.
O reservatório tem volume total de 45,5 km³ (para cota de 72 m) e volume útil de 32,0 km³. A usina está ligada à rede nacional pela linha de transmissão entre Presidente Dutra (Maranhão) e a Usina Hidrelétrica de Sobradinho, via Boa Esperança (Piauí).
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí - UHE Tucuruí é a principal usina integrante do Subsistema Norte do Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo responsável pelo abastecimento de grande parte das redes: da Celpa (no Pará), da Cemar (no Maranhão) e da Celtins (no Tocantins).
Em períodos de cheia no Rio Tocantins, a Usina de Tucuruí também complementa a demanda do restante do país através do SIN.
Para abrigar os operários e famílias foram criadas pela Eletronorte as vilas residenciais Pioneira, Temporária I e Temporária II. As Vilas Temporárias I e II eram construídas em madeira e incluíam, além das residências, um centro comercial com um cinema, uma Escola Infantil, um hospital e um clube social.
Construída anos mais tarde, em alvenaria, a Vila Permanente dispunha também de um aeroporto, um porto fluvial e um grande hospital para atendimento da população local, além dos funcionários da construção. Essas vilas eram condomínios fechados no meio da selva amazônica, com água e esgoto tratados, ruas pavimentadas, supermercados, e escolas desde creche até o nível técnico.
A partir de 1984, finalizada a primeira etapa da construção da hidrelétrica as vilas temporárias foram gradualmente desativadas, e a residências da vila pioneira foram doadas aos moradores de Tucuruí.
Custos - O custo da Fase I da barragem foi US$ 7,5 bilhões (dólar de 1986), incluindo US$ 2 bilhões (23%) de juros do financiamento. As linhas de transmissão e sub-estações custaram outros US$ 1,3 bilhões. Os custos de manutenção e operação médios (1995 a 1998) foram US$ 13,8 milhões por ano (em dólar de 1998). A produção entre 1995-99 foi em média 22,4 TWh por ano, a um custo unitário médio entre US$ 34 e US$ 58 por MWh, dependendo do modelo contábil usado. Em comparação, a tarifa média nacional nesse período era US$ 70 por MWh. Entretanto, os benefícios econômicos regionais e nacionais esperados da usina nesse período foram perdidos por conta de tarifas muito reduzidas (US$ 24/MWh em 1998) oferecidas às grandes indústrias, especialmente de alumínio (japonesas, canadenses e norte-americanas), por compromisso assumidos no início do projeto. Outro agravante foi a decisão do governo de usar cimento nacional a um preço elevado, para beneficiar os produtores nacionais, em vez de importar cimento mais barato da Colômbia.
Em 1998 a Fase 2 estava prevista para custar US$ 1,35 bilhões e a finalização das eclusas US$ 340 milhões, e um custo de US$ 20/MWh.
Impactos - A inundação de vários povoados pelo lago da hidrelétrica obrigou a Eletronorte a construir dois povoados com infraestrutura urbana: Novo Repartimento na porção sudoeste e Breu Branco a leste, emancipados posteriormente do Município de Tucuruí em 31 de dezembro de 1992. Deve-se ressaltar que diversas cidades e povoados deslocados pela Eletrobras Eletronorte (Jacundá, Jatobal e outras) já eram frequentemente inundados pelas enchentes sazonais do rio Tocantins, a qual atingiu a vazão medida de 68.400 m3/s, considerada nos estudos de Hidrologia como a vazão de período de retorno de 100 anos.
Impacto ambiental e social - Tucuruí foi construída entre 1974 e 1985, durante a ditadura militar, numa época em que havia relativamente pouca preocupação com questões ambientais e desprezo geral por direitos civis. O projeto inicial previa desmatamento da região a ser alagada, mas no fim apenas 140 km² dos 2.850 km² foram limpos, com perda de 2,5 milhões de m³ de madeira potencialmente comercializável.
Estima-se que houve alguma perda de biodiversidade, especialmente de espécies de peixes adaptados às corredeiras ou que migravam ao longo do rio. (Em Tucuruí não foi construída nenhuma escada para peixes, precaução hoje considerada essencial para barragens nesse ambiente.) A pesca a jusante diminui de 1000 para 500 toneladas por ano; porem, na região do reservatório ela aumentou de 300 para mais de 3000 toneladas por ano, entre 1981 e 1998.
Enquanto boa parte da população a montante, incluindo grandes proprietários do vale de Caraipé e as tribos indígenas Parakanã, foi em parte indenizada e contemplada com investimentos em infraestrutura, a tribo Gavião da Montanha e toda a população a jusante, incluindo os índios Assurini, não recebeu indenização alguma.
No município de Tucuruí, 16,7% das famílias não possuem energia, de acordo com dados do Censo 2010. Nas cidades de Breu Branco e Novo Repartimento, que ficam na região da usina, 10% da população está no escuro. Mesma porcentagem da média nacional. A situação de Tucuruí não é tão ruim, mas ainda há famílias isoladas nas ilhas ao lado usina, onde é muito difícil levar energia, vivendo a luz de lamparina.
Comemoração - O presidente da Eletrobrás Eletronorte, Josias Matos de Araújo, destacou as ações socioambientais realizadas pela empresa nas comunidades do entorno da hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, como o Plano de Inserção Regional e o Plano Popular de Desenvolvimento Sustentável da Região à Jusante da UHE Tucuruí. “Por meio desses programas, a Eletronorte vai investir, em 20 anos, R$ 360 milhões em projetos de saúde pública, educação, meio ambiente, desenvolvimento urbano e agricultura familiar”, disse Araújo. Tucuruí, a maior hidrelétrica totalmente brasileira, com capacidade instalada de 8.370 MW, comemora 28 anos de geração de pura energia para o Pará e o Brasil. (Wellington Hugles)

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