A Organização Não Governamental Visão
Mundial fez um protesto formal ao governo brasileiro contra o que qualifica de
postura imperialista, preconceito e discriminação contra dois cidadãos
haitianos, impedidos pela Polícia Federal de entrar no País para participar de
um treinamento sobre monitoramento jovem de políticas públicas. Claude Rinvil e
Jean-Wilbert Taptichon foram inadmitidos pela imigração do Aeroporto de
Guarulhos, no último dia 23, quando tentavam desembarcar em São Paulo e
mandados de volta sem apelação para o Haiti.
Os haitianos, que tiveram documentos e
bagagens apreendidas pela Imigração brasileira, tinham visto de entrada no País
emitido pela Embaixada do Brasil em Porto Príncipe. Segundo a ONG, eles estavam
com a documentação em dia, inclusive as vacinas exigidas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) e uma carta da entidade indicando a finalidade da visita. “Eles (os
policiais) reproduziram a mesma atitude imperialista que os americanos sempre
praticam com brasileiros e latinos”, criticou Wellington Pereira, dirigente da
entidade.
A PF informou, pela assessoria, que os
haitianos estavam com o visto errado - de turista, em vez de estudante; não
tinham dinheiro para bancar a estadia e deram informações contraditórias na
entrevista para justificar a viagem. A PF disse ainda que agiu com
objetividade, sem privilégio, ou perseguição, como age com qualquer estrangeiro
que tenta entrar irregularmente no País. Informou por fim que não se trata de
deportação - medida prevista para estrangeiros indesejáveis - mas de inadmissão
de pessoa que não cumpre os requisitos legais para entrar no país.
Para a ONG, todavia, é mais do que isso:
“Foi um ato de humilhação e desprezo por puro preconceito contra cidadãos de um
país que passa pelos problemas que todos sabem”, enfatizou o dirigente. A ONG
notificou o caso junto ao Ministério das Relações Exteriores, do qual alega ter
sido parceira em programas de reconstrução do Haiti, após o terremoto de 2010.
A entidade explicou que o visto correto era o de turista, mesmo porque eles não
vieram na condição de estudantes, mas para participar de um evento oficial e
portavam a carta convite.
O monitoramento de políticas públicas,
segundo o dirigente, é uma metodologia que a Visão Mundial utiliza no Brasil
desde 2008, em 30 comunidades empobrecidas. A entidade vem implementando no
Haiti a metodologia e mandou os dois jovens para conhecer a experiência
brasileira, tida como essencial para que o trabalho pudesse ser desenvolvido no
seu país com o máximo de eficiência. A ONG não reconhece as causas alegadas
pela PF para barrar os haitianos.
(Agência Estado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário