Prefeito Artur Brito vai em busca da apuração e identificação dos envolvidos pelo assassinato do prefeito Jones William
A COBRA VAI FUMAR:
Agilidade na apuração da morte
do Prefeito Jones William e o desvendamento de organização criminosa que
desviou R$ 180 milhões dos cofres da Prefeitura de Tucuruí será a meta da
visita do prefeito Artur Brito ao MPE/PA
O prefeito de Tucuruí estará
na segunda-feira, 7, na sede do Ministério Público do Estado do Pará. Onde vai
reiterar a denúncia-crime protocolada junto ao órgão ministerial, no último mês
de março, através da Procuradoria do Município de Tucuruí.
A denúncia-crime foi
fundamentado após a conclusão do relatório de perícia contábil realizada nas
contas da Prefeitura de Tucuruí, a apuração, identificou a existência de uma
organização criminosa formada por agiotas, que teriam extorquido prefeitos.
O relatório é uma das peças de
investigação da Operação ‘Redoma do Lago’, desencadeada pela Divisão de
Investigações e Operações Especiais (DIOE), que investiga o desvio de R$ 180
milhões dos cofres da Prefeitura de Tucuruí e outras fortunas em recursos
públicos de mais dez prefeituras paraenses.
Segundo o resultado da perícia,
o empresário Alexandre Siqueira figura como mentor do esquema, enumerando
crimes de estelionato qualificado, improbidade administrativa, crime contra a
ordem tributária, peculato, corrupção ativa e passiva e desvio de verbas
públicas.
Nos últimos dias o prefeito Artur
Brito cumpriu uma agenda de trabalho, em Brasília, com o objetivo de destravar
recursos e desemperrar o crescimento de Tucuruí, cuja economia vive em uma instabilidade
desde o assassinato do ex-prefeito Jones William da Silva Galvão, em julho de
2017.
Artur Brito, que era
vice-prefeito de Jones, assumiu o comando do município, passando a ser alvo de inúmeras
acusações dos grupos que no pouco espaço de gestão de Jones William se locupletaram
dos cofres públicos, e sentiram em Artur Brito uma ameaça que acabaria com a
mamata que rolava solta na Prefeitura de Tucuruí, alvo de muitas calúnias com referência
a morte de Jones, o prefeito Artur, aproveitou a viagem à Brasília, para
visitar o Conselho Nacional de Justiça, onde cobrou agilidade no processo sobre
o homicídio, em que ele próprio, seu irmão e sua mãe figuram como réus. “Tenho
total interesse de mostrar à população de Tucuruí que sou inocente”, afirma
Artur Brito, nesta entrevista concedida à jornalista Benigna Soares, cujos
principais trechos foram publicados no site REDEPARÁ, e passamos a
republica-los no Jornal de Tucuruí.
O senhor cumpriu uma extensa
agenda em Brasília nos últimos dias. Qual a prioridade dessa agenda?
ARTUR BRITO: Sim, fui em busca
de apoio financeiro para investimentos diversos, entre eles a implantação do
curso de Medicina aqui no município, que beneficia nossa população e toda a
região. Saúde e educação são áreas essenciais para o desenvolvimento da
sociedade e com esse pensamento defendemos a formação de mais médicos em nossa
faculdade, que podem dar mais qualidade aos serviços prestados na área da
saúde. Fui recebido pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, para quem
defendi a necessidade e urgência do destravamento da instalação do curso de
medicina em Tucuruí. Afinal, é uma luta encampada por toda a população e, desde
o ano de 2015, já está autorizado, mas foi suspenso em 2018, por força de
decisão liminar concedida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região à
universidade que ficou em segundo lugar na disputa pela concessão do curso.
O senhor também participou da
reunião da bancada parlamentar do Pará. Qual era a pauta desse encontro?
ARTUR BRITO: Foi uma reunião
muito proveitosa, que fortaleceu parcerias para o Estado do Pará. Nossa
participação no encontro foi para defendermos a ampliação de recursos para as
obras de drenagem e derrocamento da Via Navegável do Rio Tocantins, conhecida
como Pedral do Lourenço, que passa por Tucuruí, na região sudeste do Pará. Ela
é de fundamental importância não só para Tucuruí, mas para o Brasil de forma
geral. Afinal, melhorar a trafegabilidade no rio Tocantins vai trazer
benefícios a todos os municípios que dependem desse rio. Não devemos esquecer
que Tucuruí abriga a segunda maior hidrelétrica 100% brasileira, geradora de
energia elétrica para boa parte do Brasil.
Por que o senhor incluiu em
sua agenda uma visita ao CNJ?
ARTUR BRITO: Fomos ao Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) formalizar nosso pedido de agilidade no andamento do
processo judicial que apura o assassinato, em julho de 2017, do então prefeito
Jones William da Silva Galvão. Quando Jones foi assassinado eu era o
vice-prefeito de Tucuruí e fui acusado injustamente desse crime. Tive que
assumir o mandato e por consequência desse infortúnio eu e toda a minha família
fomos caluniados, injuriados e difamados. Ainda hoje respondo processo
juntamente com meu irmão e minha mãe, que nada têm a ver com a gestão do
município, mas ainda assim teve prisão temporária decretada e por 45 dias,
ficou em uma prisão feminina, sem nada dever a ninguém.
Na semana que vem, o senhor
pretende ir ao Ministério Público do Estado do Pará (MPE). Com que objetivo?
ARTUR BRITO: Vamos procurar o
Ministério Público para reiterar as denúncias constantes em uma auditoria feita
nas contas da Prefeitura. Quando assumimos, havia várias irregularidades, desde
cheques com assinaturas falsificadas do prefeito Jones, entre os quais cheques
pagos à empresa de limpeza pública do empresário Alexandre Siqueira. Detectamos
desvios de algo em torno de R$ 180 milhões dos cofres da Prefeitura Municipal,
inclusive feitos no dia do velório do prefeito Jones.
Como aconteceram essas
fraudes?
ARTUR BRITO: Esses desvios
aconteceram na gestão de Jones William, através de fraudes em licitações e
emissão de notas frias, patrocinadas por uma quadrilha que atuava nos
bastidores da administração. Há casos em que só eram prestados 50% dos serviços
licitados. Há outros em que 100% dos recursos eram desviados sem a prestação do
serviço, em um amplo esquema de corrupção que predominava dentro da prefeitura.
O senhor e o prefeito Jones
tinham uma relação amigável?
ARTUR BRITO: Após o resultado
das eleições, em nossa gestão, percebi que o Jones tinha acordos com Alexandre
Siqueira, resultante de dívidas assumidas por ele para financiar a campanha. Eu
não tinha conhecimento desses acordos. Mas percebi que o Alexandre já tinha
todo um esquema de corrupção e pressionava o Jones para ter contratos ilícitos
com a prefeitura. Todos em volta de Jones percebiam que ele era pressionado
pelo Alexandre, que já respondia processos por irregularidades em acordos com
várias prefeituras, fato que o Ministério Público já tinha conhecimento.
Quem é Alexandre Siqueira?
ARTUR BRITO: É um agente da
corrupção, um agiota que se aproveita de processos eleitorais para se colocar
como um financiador dessas campanhas em troca de benefícios na gestão. O
currículo dele envolve, em 2009, golpes aplicados em Tomé Açu e Castanhal, onde
praticou estelionato e recepção de mercadorias roubadas, conforme o Processo
0000527-87.2009.8.14.0060. Já em 2011, em Jacundá, praticou roubo e recepção de
veículos, como consta no Processo Nº 0001280-78.2011.8.14.0026. Outros
processos contra ele correm com investigação sigilosa, mas há informações de
que resultam de crimes praticados, em 2017, aqui em Tucuruí, pelo desvio de R$
21 milhões em licitações fraudulentas na gestão do prefeito Jones William. Aqui
também responde processo aberto em 2017 por receptação de R$ 2 milhões sacados
da conta da prefeitura no dia do velório do prefeito Jones William. O saque foi
realizado usando a senha pessoal do prefeito enquanto seu corpo ainda estava
sendo velado. Outro é por receptação de R$ 6 milhões, oriundos de saques de
cheques com assinatura falsificada do prefeito Jones Willian. Em 2018 foi
aberto processo contra Alexandre Siqueira pela receptação de R$ 5 milhões,
supostamente desviados pelo então Secretário de Saúde, o vereador Weber Galvão,
em conluio com Siqueira. Por fim, Tucuruí, Breu Branco, Jacundá, Goianésia,
Novo Repartimento também foram alvos do esquema fraudulento de Alexandre
Siqueira, que praticou lavagem e desvio de R$ 180 milhões de reais em contratos
fraudulentos.
O senhor fazia parte da gestão
do prefeito Jones. Não tinha conhecimento desse esquema?
ARTUR BRITO: Como eu era só o
vice-prefeito ficava afastado desses bastidores e Jones me deixou como
secretário de obras e sem ingerência sobre o mandato de forma geral. Mas eu não
tinha conhecimento desses acordos do Jones. Foi então que houve a morte do
prefeito, eu por força da lei tive que assumir e acabei ficando no centro das
atenções por causa da morte dele.
E o que o senhor fez quando
assumiu?
ARTUR BRITO: Quando eu
identifiquei esses crimes, acabei com o esquema, tirei quem tinha que tirar e
encerrei os contratos fraudulentos. Mas com essa atitude, uma série de
represálias contra mim foram arquitetadas pelos envolvidos. De lá para cá,
várias acusações falsas foram criadas, inclusive as que nos colocam como
responsáveis pela morte de Jones, com quem eu sempre tive uma boa relação de
trabalho e de amizade. Encaramos de cabeça erguida essas acusações, essas
armadilhas e hoje vamos vendo que as máscaras foram caindo e a verdade vai
aparecendo para a população. Agora, a Prefeitura Municipal de Tucuruí precisa
ter sua gestão passada a limpo, com seriedade e transparência, da forma que a
população merece. Nós queremos que a justiça seja feita e os verdadeiros
culpados não devem ficar impunes. Quem não deve não teme.
Por: Benigna Soares –
Jornalista
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