Um dilema dentro da caçula
Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará) promete ir ao Consun
(Conselho Universitário), considerado o órgão máximo de consulta e deliberação
da instituição, o qual se reúne uma vez por semestre para decidir questões de
grande interesse da universidade e da sociedade.
É que o reitor da Unifesspa,
Maurílio Monteiro, está determinado a implantar o curso de jornalismo em Rondon
do Pará, a 120 quilômetros de Marabá, a despeito de todos os prognósticos que
provam que aqui é o melhor local para o nascimento da faculdade de jornalismo.
Durante uma entrevista coletiva,
Maurílio revelou alguns dos novos cursos que serão implantados pela
universidade em 2015, entre eles Comunicação Social (Jornalismo), mas com previsão
de instalar o curso em Rondon do Pará, onde ele pretende estabelecer um polo de
Ciências Sociais Aplicadas.
O tema polêmico foi alvo de
uma reunião acalorada na tarde da última terça-feira, 2, entre reitor,
coordenador do curso de Ciências Sociais de Rondon, profissionais da Imprensa
de Marabá, representantes da Associação Comercial e Industrial de Marabá,
Sindicato do Comércio de Marabá e da Assessoria de Imprensa de Marabá e do
prefeito João Salame.
Maurílio Monteiro foi o
primeiro a falar na reunião, tendo apresentado os argumentos dele para que o
curso seja em Rondon, a despeito de lá não ter campo de estágio. Ficou claro
para os membros da Imprensa presentes que o reitor tem a intenção de
corresponder positivamente a um pedido do professor Leandro Ferreira,
coordenador do Instituto de Ciências Aplicadas.
A intenção da universidade –
muito positiva, por sinal – é criar polos de conhecimento por área de afinidade
em cada uma das cinco regiões onde há campus da Unifesspa no sul e sudeste do
Pará. Assim, o Instituto de Saúde Animal, com curso de Medicina Veterinária,
será instalado em Xinguara, centro de uma região bastante rica em produção
bovina. “Precisamos fazer adensamento na universidade e isso não se faz por
curso, mas convergindo os cursos da mesma área de pesquisa”, diz Maurílio.
Santana do Araguaia – embora
não tenha vocação natural para mineração – será base do Instituto de
Engenharias, agregando interessados por cursos dessa área em municípios da
região.
Rondon do Pará – dentro da visão da Unifesspa – passará a abrigar o
Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, inicialmente com cursos Administração
e Ciências Contábeis.
A ideia da Unifesspa, a pedido do professor Leandro
Ferreira, é instalar neste polo o curso de Comunicação Social, que na UFPA e
nas principais universidades do País está agregado ao Instituto de Letras
Artes, o qual tem sede no Campus 3 da Unifesspa, em Marabá.
“Não podemos cometer o mesmo
erro da UFPA, no passado, concentrando todos os cursos em Belém.
Além disso,
não podemos transformar a Unifesspa em Universidade Federal de Marabá”, disse o
reitor.
Maurílio disse que percorreu
vários municípios da região e em alguns deles a Unifesspa fez audiência pública
para saber quais eram as demandas da comunidade, porém, confessou que não pode
atendê-las prontamente. “Todo mundo pede medicina, mas por lei, só podemos
implantar esse curso até 100 km de um hospital de referência, no caso o
Regional de Marabá. Por isso, esta cidade será polo dos cursos de saúde”,
observou.
O jornalista paraense e
professor universitário Yuri Santiago argumentou que, para resolver o impasse,
é preciso abrir uma ampla discussão sobre onde fica melhor assentado o curso de
Comunicação, se no Instituto de Ciências Aplicadas ou no Instituto de Letras e
Artes.
“Podemos avaliar por que nas grandes universidades do País ele está ao
lado de Letras e aqui querem colocá-lo junto com Contabilidade, Administração e
Filosofia? As universidades que produzem cientificamente e têm conceito A e B
na Capes colocaram Jornalismo junto com Letras e Artes”, explicou Yuri.
O reitor foi sensato e, a
pedido dos profissionais de Imprensa, garantiu que abrirá espaço para que um
representante dos profissionais de comunicação possa participar da reunião do
Conselho Universitário da Unifesspa para apresentar as argumentações da
comunidade de comunicação de Marabá.(Ulisses Pompeu)
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