terça-feira, 9 de setembro de 2014

Unifesspa cria um dilema com curso de jornalismo


Um dilema dentro da caçula Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará) promete ir ao Consun (Conselho Universitário), considerado o órgão máximo de consulta e deliberação da instituição, o qual se reúne uma vez por semestre para decidir questões de grande interesse da universidade e da sociedade.

É que o reitor da Unifesspa, Maurílio Monteiro, está determinado a implantar o curso de jornalismo em Rondon do Pará, a 120 quilômetros de Marabá, a despeito de todos os prognósticos que provam que aqui é o melhor local para o nascimento da faculdade de jornalismo.

Durante uma entrevista coletiva, Maurílio revelou alguns dos novos cursos que serão implantados pela universidade em 2015, entre eles Comunicação Social (Jornalismo), mas com previsão de instalar o curso em Rondon do Pará, onde ele pretende estabelecer um polo de Ciências Sociais Aplicadas.

O tema polêmico foi alvo de uma reunião acalorada na tarde da última terça-feira, 2, entre reitor, coordenador do curso de Ciências Sociais de Rondon, profissionais da Imprensa de Marabá, representantes da Associação Comercial e Industrial de Marabá, Sindicato do Comércio de Marabá e da Assessoria de Imprensa de Marabá e do prefeito João Salame.

Maurílio Monteiro foi o primeiro a falar na reunião, tendo apresentado os argumentos dele para que o curso seja em Rondon, a despeito de lá não ter campo de estágio. Ficou claro para os membros da Imprensa presentes que o reitor tem a intenção de corresponder positivamente a um pedido do professor Leandro Ferreira, coordenador do Instituto de Ciências Aplicadas.

A intenção da universidade – muito positiva, por sinal – é criar polos de conhecimento por área de afinidade em cada uma das cinco regiões onde há campus da Unifesspa no sul e sudeste do Pará. Assim, o Instituto de Saúde Animal, com curso de Medicina Veterinária, será instalado em Xinguara, centro de uma região bastante rica em produção bovina. “Precisamos fazer adensamento na universidade e isso não se faz por curso, mas convergindo os cursos da mesma área de pesquisa”, diz Maurílio.

Santana do Araguaia – embora não tenha vocação natural para mineração – será base do Instituto de Engenharias, agregando interessados por cursos dessa área em municípios da região. 

Rondon do Pará – dentro da visão da Unifesspa – passará a abrigar o Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, inicialmente com cursos Administração e Ciências Contábeis. 

A ideia da Unifesspa, a pedido do professor Leandro Ferreira, é instalar neste polo o curso de Comunicação Social, que na UFPA e nas principais universidades do País está agregado ao Instituto de Letras Artes, o qual tem sede no Campus 3 da Unifesspa, em Marabá.

“Não podemos cometer o mesmo erro da UFPA, no passado, concentrando todos os cursos em Belém. 

Além disso, não podemos transformar a Unifesspa em Universidade Federal de Marabá”, disse o reitor.

Maurílio disse que percorreu vários municípios da região e em alguns deles a Unifesspa fez audiência pública para saber quais eram as demandas da comunidade, porém, confessou que não pode atendê-las prontamente. “Todo mundo pede medicina, mas por lei, só podemos implantar esse curso até 100 km de um hospital de referência, no caso o Regional de Marabá. Por isso, esta cidade será polo dos cursos de saúde”, observou.

O jornalista paraense e professor universitário Yuri Santiago argumentou que, para resolver o impasse, é preciso abrir uma ampla discussão sobre onde fica melhor assentado o curso de Comunicação, se no Instituto de Ciências Aplicadas ou no Instituto de Letras e Artes. 

“Podemos avaliar por que nas grandes universidades do País ele está ao lado de Letras e aqui querem colocá-lo junto com Contabilidade, Administração e Filosofia? As universidades que produzem cientificamente e têm conceito A e B na Capes colocaram Jornalismo junto com Letras e Artes”, explicou Yuri.

O reitor foi sensato e, a pedido dos profissionais de Imprensa, garantiu que abrirá espaço para que um representante dos profissionais de comunicação possa participar da reunião do Conselho Universitário da Unifesspa para apresentar as argumentações da comunidade de comunicação de Marabá.(Ulisses Pompeu)


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